Uma corrida contra o tempo Microcefalia: estímulo já no primeiro mês do bebê é essencial Estimulação precoce é um dos principais desafios para garantir um melhor desenvolvimento das crianças com microcefalia

Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco

Publicado em: 23/01/2016 14:02 Atualizado em: 23/01/2016 14:11

Foto: Peu Ricardo/DP/DA Press
Foto: Peu Ricardo/DP/DA Press

Rozilene Ferreira, 29 anos, não deixa de cumprir nenhuma recomendação dos profissionais. Se algo não está fixo na mente, a auxiliar de serviços gerais pede para repetir. Ela quer entender tudo para ajudar o filho Arthur Conceição, de três meses. A criança tem microcefalia e iniciou as sessões de estimulação precoce. Esse é o passo mais importante depois do diagnóstico e deve ser realizado ainda no primeiro mês de vida dos bebês, apontam os especialistas. É um dos grandes desafios da saúde brasileira atual.

A estimulação precoce compreende atividades coordenadas por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros profissionais para identificar as potencialidades de cada criança e permitir o desenvolvimento neuropsicomotor. A recomendação da diretriz do Ministério da Saúde, publicada neste mês, é de que o acompanhamento aconteça pelo menos até os três anos de vida. Segundo o secretário de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, no ato do lançamento do documento, essa é a “janela de oportunidade para a redução do nível de comprometimento causado pela malformação”.

Em Pernambuco, três unidades foram credenciadas para realizar reabilitação, o Centro Especializado em Reabilitação (CER) Menina dos Olhos da Fundação Altino Ventura (FAV) e a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), ambas no Recife, e a Mens Sana Corpore Sano, em Arcoverde. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirmou estar buscando fortalecer a rede. “Tinha hospital que não sabiam nem aonde era, mas a gente descobre. Só quero é reduzir as sequelas do meu filho”, conta Rozilene.

Limite
O estado tem 1.306 casos suspeitos. Dos 506 que atendem aos critérios da Organização Mundial de Saúde para a microcefalia, 25% (130) estão em atendimento na FAV, o limite da unidade. Uma vez por semana, as crianças fazem avaliações e iniciam tratamento. As intervenções dependem das lesões encontradas nas tomografias. A estimulação permite reduzir problemas de amamentação, deglutição, coordenação motora e até de crescimento.

“O cérebro é como o computador central do ser humano. Quanto mais cedo ele for estimulado, melhores as chances da criança desenvolver áreas lesadas”, explicou a neuropediatra Rozivera Rodrigues. O trabalho é feito durante uma manhã, com brinquedos, lanternas, tapetes e equipamentos digitais. E deve ser continuado em casa, com cartilhas repassadas às mães e pais.

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