Violência Pastoral da Terra denuncia agressão de capanga contra trabalhador rural em engenho de Moreno

Publicado em: 05/10/2015 20:18 Atualizado em:

Izaías Francisco já havia sido ameaçado de morte. Foto: Pastoral da Terra/Divulgação
Izaías Francisco já havia sido ameaçado de morte. Foto: Pastoral da Terra/Divulgação
Um trabalhador rural teria sido espancado pelo capanga de um dono de engenho em Moreno, na Região Metropolitana do Recife. O caso foi denunciado pela Comissão Pastoral da Terra à imprensa nesta segunda-feira. O trabalhador Izaías Francisco da Silva mora no Engenho Contra-Açude, onde há décadas famílias de agricultores enfrentam um violento conflito agrário. A agressão teria acontecido na última quarta-feira, dia 30, quando o capanga Natanael Lourenço da Silva, conhecido na região como Natal, teria desferido diversos golpes de porrete contra a vítima. Natal trabalha para Fernando Vieira de Miranda.

Izaías Francisco foi socorrido e está em observação, mas não corre risco de morte. Atualmente, ele está inserido no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos do Estado (PEPDDH).

As famílias que vivem no Engenho Contra-Açude alegam que o episódio foi um crime anunciado. O local é um dos focos de maior tensão e conflito agrário na Região Metropolitana do Recife e na Zona da Mata. Antes de ser espancado, o agricultor sido ameaçado de morte. Segundo testemunhas, desde a agressão, novas ameaças já foram feitas contra ele e outros moradores.

De acordo com a Pastoral da Terra, quase semanalmente, são encaminhadas denúncias de perseguições, intimidações, ameaças de morte, destruição e contaminação das lavouras por agrotóxicos protagonizadas por capangas do Engenho contra os sitiantes aos órgãos governamentais. "Apesar de todas as denúncias de violações de direitos humanos ocorridas ao longo dos anos no Engenho Contra-Açude serem de conhecimento dos órgãos competentes, até o presente momento, nenhuma medida concreta foi efetivada para solucionar definitivamente o conflito", ressaltou a CPT através de nota à imprensa.

Histórico

A situação de violência em que estão submetidas as famílias do engenho vem desde o início dos anos 2000, quando os trabalhadores passaram a reivindicar o direito à posse das terras. Em 2012, o proprietário chegou a ser condenado em primeira instância a sete anos e 11 meses de prisão pela prática de trabalho escravo. No entanto, o Tribunal Regional Federal julgou favorável o recurso de apelação interposto pelo proprietário do Engenho Contra-Açude. Também recai sobre o proprietário do engenho a suspeita de falsificação de documentos e grilagem das terras.

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