Solidariedade Campanha para trazer outros sírios O maior obstáculo para a vinda dos refugiados sírios são as passagens aéreas. Com a alta do dólar está mais difícil comprar os bilhetes

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/10/2015 07:23 Atualizado em: 16/11/2015 22:42

Bruna e Daniela estão à frente da campanha para arrecadar alimentos e milhas ou dinheiro para as passagens. Foto: Nando Chiappetta/ DP/ DA Press
Bruna e Daniela estão à frente da campanha para arrecadar alimentos e milhas ou dinheiro para as passagens. Foto: Nando Chiappetta/ DP/ DA Press
A uma semana de completar um mês da chegada da primeira família de refugiados sírios ao Recife, outras seis pessoas que estão fugindo da guerra civil daquele país tentam vir para a capital pernambucana. Entre elas, três crianças. Todos estão recebendo ajuda de uma dupla de recifenses que está agilizando a documentação necessária e já conseguiu casa para acolhê-los. São as amigas Bruna Guedes, 26 anos, e Daniela Lins, 24. De acordo com elas, o maior problema são as passagens de avião. Com a alta do dólar, ficou mais difícil do que já era comprar uma passagem do Oriente Médio para Pernambuco. Apenas uma das seis pessoas já tem a viagem garantida. É um fotógrafo de 32 anos que desembarca no Recife na primeira quinzena de novembro.

Desde o dia 6 de outubro, a bancária Bruna Guedes hospeda em sua residência a primeira família refugiada no Recife, uma mulher de 25 anos, um homem de 45 e um bebê de sete meses. Já a fisioterapeuta Daniela Lins se juntou à causa transformando seu espaço de trabalho, a Casa Mecane, na Avenida Suassuna, Boa Vista, em ponto de arrecadação de diversas doações para os refugiados. Bruna relatou que essas seis pessoas que tenta trazer agora precisam viajar da Síria para o Líbano e do Líbano para o Recife. Mas a passagem do Líbano para o Recife custa em média R$ 4,3 mil, o equivalente a mil dólares. Ela e Daniela Lins se encontraram, ontem, para montar a estratégia de campanha de arrecadação de dinheiro e milhas aéreas.

“Casa não é o problema. Existe uma lista de pessoas dispostas a acolhê-los. Mas as passagens custam muito. Para o mesmo trecho (Líbano-Recife) é preciso 80 mil milhas”, comentou Bruna. “Tem gente até de João Pessoa, na Paraíba, que me ligou disposta a acolher os sírios”, destacou Daniela. Elas planejam organizar um evento no Parque da Jaqueira, onde trocariam sessões de terapia holística, especialidade de Daniela, por donativos. Também pretendem contar com as redes sociais para divulgar a campanha.

A ideia é mostrar que as milhas aéreas são bem-vindas, já que dinheiro é mais difícil de doar. Quem se interessar em repassar pontos aéreos deve entrar em contato com a operadora onde acumula para se informar sobre o processo, que pode ser feito online. Cada empresa tem sua norma. É preciso também contatar Bruna ou Daniela para saber o número do cartão de pontos que receberá a doação. Já quem quiser doar dinheiro deve depositar na Conta Poupança 1690372-2, agência 1361-7, Banco do Brasil. Ou acessar o link https:/www.vakinha.com.br/vaquinha/maos-unidas.

Os recursos financeiros também devem ser destinados à compra de material de construção para erguer uma casa abrigo em Igarassu.

Um novo recomeço para a família síria no Recife

A primeira família de refugiados sírios chegou ao Recife no dia 6 de outubro. Mouammar, 45 anos, a esposa Nermin, de 25, e o filho deles, Ameer, de sete meses, passaram seis meses em São Paulo antes de chegar ao Recife. Atualmente, moram na casa de Bruna Guedes e aos poucos se adaptam às novidades do recomeço. Segundo a bancária, a família tem reagido bem às diferenças culturais. “Eles observam uma mulher sozinha manter a casa e criar um filho, ter cabelos curtos, se vestir de forma diferente do que estão acostumados, mas reagem muito bem”, comentou Bruna.

Como falam árabe e um pouco de inglês, aprender português faz parte da nova rotina do casal. O idioma está sendo ensinado por um professor particular. “Estou vendo dentro da minha casa o maior exemplo de que quando todo mundo se respeita dá tudo certo, independentemente da crença. Está tudo funcionando em harmonia. É uma troca muito rica”, disse Bruna. Ainda de acordo com ela, a família já conseguiu emprego no Recife, mas está preocupada com outros parentes espalhados pelo mundo.

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