Comportamento
Estupros: a dor compartilhada nas redes sociais ajuda a superar traumas
Vítimas estão usando as redes sociais para denunciar agressores. No lugar da vergonha, elas reescrevem uma nova história
Por: Thais Arruda - Diario de Pernambuco
Publicado em: 28/09/2015 08:39 Atualizado em: 28/09/2015 09:21
Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press |
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O empoderamento que as redes sociais proporciona se torna também uma ferramenta de denúncia. Em meados de setembro deste ano, uma estudante do curso de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) publicou em seu perfil o relato de um estupro próximo à instituição. A jovem, que após o abuso trancou o curso e mudou-se para sua cidade natal, também compartilhou fotos do corpo após um estrangulamento e derrame ocular sofridos. “Foi um dia como outro qualquer, saí de casa para resolver as minhas coisas e voltei em um horário de costume. Não esperava que ele fizesse aquilo comigo”, comentou.
A vítima passou por um assalto seguido de violência sexual após descer de um ônibus na BR-101. Voltava para seu apartamento, no Engenho do Meio, quando foi abordada pelo agressor. Mesmo após entregar os pertences ainda foi obrigada a caminhar com o suspeito e abusada em um local deserto. “Quando relatei o abuso no Facebook tinha como objetivo ajudar outras meninas a contar o que acontece todos os dias. Recebi muitas mensagens de apoio, inclusive de pessoas que não me conheciam, mas hoje me privei de coisas comuns como sair de casa sozinha”, explicou.
A ex-BBB e dançarina pernambucana Bella Maia, 29 anos, também usou as redes sociais para revelar um estupro que sofreu ao descer de um ônibus quando tinha 17 anos. O caso aconteceu após o motorista queimar a parada deixando-a nas imediações do Hospital Agamenon Magalhães (HAM). “Ao chegar em casa meu pai não perguntou nada, apenas me colocou debaixo do chuveiro e chorou comigo. Precisei digerir esse assunto por um bom tempo até escrevê-lo nas redes sociais compartilhando uma realidade que é comum”.
De acordo com Sirley Vieira, coordenador executivo do Instituto Papai, as mulheres estão discutindo muito mais sobre isso. “Elas estão contando tudo através da ferramenta da internet, pois não querem mais se esconder ou sentir vergonha”, ressaltou.
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