Diario Urbano Asfalto, terra e lama

Por: Jaílson Paz - Diário de Pernambuco

Publicado em: 02/08/2015 08:30 Atualizado em:

A Imbiribeira engana. Ao entrar no Recife pelo portão Sul, para quem
circula pela Estrada da Batalha, o pensamento é de estar pisando no bairro
de localização do Aeroporto do Recife. A grandeza do aeroporto encobre a
timidez dos prédios colados à pista direita da Avenida Mascarenhas de
Morais, construída em terras de Boa Viagem. Por isso, delimitar a
Imbiribeira pede atenção. Boa Viagem termina, seguindo a avenida, metros
adiante do segundo viaduto de acesso ao aeroporto. Esse é um detalhe
invisível do bairro, enquanto o pavimento em placas de concreto da
Mascarenhas de Morais, não.  A pista em cimento, com ares de maravilha aos
viajantes vindos da BR-101, integra uma das contradições da Imbiribeira.
Ela difere bastante da qualidade de outros pavimentos do bairro. Em ruas
interligadas à avenida nem calçamento existe. Nem drenagem. Inclua na
lista a Arthur Lopes, de terra batida e movimento intenso de carros devido
a empresas. Endereços mais afastados da Mascarenhas de Morais reforçam tal
contradição. Conhecê-los é fácil. Basta caminhar entre a Estação Antônio
Falcão, do metrô, e a Avenida Dom João VI, às margens do Canal do Jordão.
Nesse miolo, quase uma dezena de ruas jamais teve asfalto ou
paralelepípedo. Se teve pavimento, o registro se perdeu no tempo. Pise na
Rua Adalberto Marroquim. E prove.

Molhe os pés...
Atravessar a Rua Harry Leça, nestes dias de inverno, na Imbiribeira,
equivale à aventura em um charco. Elo entre as ruas Arthur Lopes e Dona
Alda de Andrade, o logradouro se divide em grandes poças. Para não se
molhar, trabalhadores de empresas da área, improvisaram um caminho com
madeira.

...Depósito público
O que ajuda a travessia de trechos dessas ruas são as calçadas de alguns
imóveis ou montes de areia. Esses pontos socorrem os pedestres quando
ninguém resolve transformá-los em depósitos públicos. Na esquina da Rua
Dona Alda de Andrade jogaram peças velhas de madeira e metal.

Pertinho da lagoa
Das localidades da Imbiribeira, a Lagoa do Araçá vale ouro para o mercado
imobiliário, enquanto o piso de ruas do entorno da lagoa, segundo
moradores, foram “esquecidas” pelas autoridades. Sobre terra batida andam
carros e moradores da Avenida Pinheiros e das ruas José Alberto Maia e
Renato Silva.

Quase invisível
De tantos pontos comerciais e de serviços, a arquitetura imobiliária da
Imbiribeira é predominante de fachadas com letreiros e placas luminosas.
Exceções são as raras capelas, presas entre pontos de negócio. Na
Mascarenhas de Morais, 2560, está a de Nossa Senhora de Fátima, quase
sempre fechada.

Fio do passado
Embora prevaleça o concreto, pequenas áreas da Imbiribeira lembram a
origem do nome do bairro, originário da língua tupi e traduzido como
“madeira”, “pau”, “bosque”. O que resiste de verde está em terrenos
particulares e canteiros de ruas e avenidas, como o da Mascarenhas de
Morais, que é a PE-08.

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