Justiça Júri popular sobre assassinato de Manoel Mattos deve terminar nesta quarta-feira Cinco acusados negaram ligação com o crime

Publicado em: 15/04/2015 07:26 Atualizado em: 15/04/2015 08:47

Acontece nesta quarta-feira o segundo dia do julgamento do assassinato de Manoel Mattos. O júri popular deve terminar hoje, quando acontece a fase de debates entre os jurados. Quatro mulheres e três homens formam o conselho de sentença.

 

Ontem, os cinco acusados de participação na morte do advogado especializado em direitos humanos negaram, durante depoimentos na 36ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco (JFPE), que tenham ligação com o crime. Os trabalhos foram iniciados com mais de duas horas de atraso devido a um problema na chamada dos jurados: a lista tinha um nome a mais que o limite.

Mattos integrava a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE. Ele foi assassinado a tiros em uma casa de praia em Pitimbu (PB).Todos os réus estão presos. A sessão prossegue a partir das 9h de hoje. Inicialmente de competência da Justiça Estadual, o caso foi federalizado e desaforado para a Justiça Federal no Recife devido à alegação de grave violação aos direitos humanos. Esse foi o primeiro caso de federalização no Brasil.

O primeiro réu a depor foi o sargento reformado da PM da Paraíba Flávio Inácio Pereira. Apontado como mandante do crime, ele negou que tivesse ligação com o assassinato e afirmou que além de não saber quem mandou matar o advogado, outras pessoas da cidade de Itambé, de onde a vítima era natural, teriam motivos para cometer o crime.

“Eu não tinha nada contra Manoel Mattos. Muito pelo contrário, ele que não gostava de mim. Inclusive, ele costumava arrumar confusão quando bebia e só andava de pistola”, declarou o PM reformado.

O réu José Nilson Borges disse que emprestou uma arma para o acusado José da Silva Martins, mas este alegou precisar da espingarda calibre 12 para trabalhar como segurança. “Só recebi a arma depois da morte do advogado mas não sabia que seria usada para isso”, contou. Antes disso, o sargento Flávio disse que nunca pegou na arma do crime.

O vigilante Sérgio Paulo da Silva, acusado de ser um dos executores, disse estar em um aniversário no momento do crime. Na época do assassinato, cumpria pena de 10 anos por assalto. “Tentaram me matar três vezes como queima de arquivo e para jogar a culpa em mim.”

Família nutre esperança por justiça

A foto de Manoel Mattos estampada nas camisas usadas pelos seus familiares era mais um sinal do pedido de justiça em um caso que se arrasta há mais de seis anos. A mãe de Mattos, Nair Ávila, comemorou o fato do julgamento estar sendo realizado no Recife. “Estou confiante de que a justiça será feita. Lá na Paraíba existia uma máfia, o que iria prejudicar o resultado do julgamento.”

O procurador do Ministério Público Federal Alfredo Falcão disse que a acusação não tem dúvidas sobre a participação dos acusados no crime. “Estamos convictos de que os cinco merecem ser condenados. Se pensássemos diferente, já teríamos nos pronunciado nesse sentido.” Antes do início do julgamento, os advogados de defesa pediram a anulação do júri alegando que o desaforamento para o Recife iria beneficiar a acusação. O pedido foi negado pela juíza.

Representantes de diversas instituições de defesa dos direitos humanos estiveram presentes no julgamento. Uma delas foi Ivana Farina, presidente da Comissão Manoel Mattos, ligada ao Conselho Nacional de Direitos Humanos. “Esperamos que finalmente a responsabilização venha. Esse caso tem uma importância nacional muito grande devido à federalização. O que se espera é que após seis anos da morte de Manoel Mattos a justiça seja finalmente feita”, ressaltou.



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