eleições 2018

Debate entre presidenciáveis marca noite desta quinta-feira

Foi o primeiro debate com a participação de Fernando Haddad como candidato do PT; Bolsonaro segue internado após atentado

Publicado em: 20/09/2018 21:50 | Atualizado em: 21/09/2018 00:37

Foto: Denise Rothenburg/CB/D.A Press (Foto: Denise Rothenburg/CB/D.A Press)
Foto: Denise Rothenburg/CB/D.A Press (Foto: Denise Rothenburg/CB/D.A Press)
Na noite desta quinta-feira (20), a TV Aparecida realizou mais um debate com os presidenciáveis das eleições de 2018. Sete candidatos estiveram na sabatina: Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). 

Foi o primeiro debate que contou com a presença de Haddad, após a confirmação de sua candidatura pelo PT. Jair Bolsonaro (PSL) não compareceu já que está internado após atentado sofrido em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 6 de setembro. Foram convidados os candidatos que possuem representatividade de pelo menos cinco parlamentares no Congresso. Mesmo convidado, o Cabo Daciolo (Patriota) alegou indisponibilidade de agenda.

O encontro foi mediado pela jornalista Joyce Ribeiro e os candidatos foram perguntados por um cardeal, dois arcebispos e quatro bispos selecionados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que promoveu o debate.
 
Corrupção marca bloco inicial
 
No primeiro bloco de debate realizado pela TV Aparecida, os presidenciáveis que participam do programa prometeram combater a corrupção no país, em resposta a uma pergunta feita pelo arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que desafiou os candidatos a apresentarem propostas para o combate a desvios da função pública no Brasil.

Em seu primeiro debate na TV, Fernando Haddad (PT) cumprimentou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e defendeu fortalecer as instituições "doa a quem doer". O candidato do PDT, Ciro Gomes, disse que ele próprio é um exemplo de honestidade ao completar 39 anos de vida pública "sem responder por nenhum mal feito nem sequer para ser absolvido". 

Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu uma reforma política que diminua o número de partidos políticos no Brasil. "Quem enriquece na política é ladrão", disse o tucano, soletrando a palavra "ladrão". Henrique Meirelles, candidato pelo MDB, também disse que nunca foi alvo de nenhuma denúncia ou processo. "Em todo meu período de governo, seja no Banco Central ou Ministério da Fazenda, toda minha equipe foi sequer denunciada ou investigada", declarou. 

A presidenciável da Rede, Marina Silva, enfatizou que a corrupção é "inaceitável" e citou Jesus Cristo ao afirmar que ele ficou "indignado" ao entrar em um templo e se deparar com a deturpação de símbolos religiosos. "Nesse momento, o templo da política, que o papa Francisco diz que é a forma mais elevada do exercício da caridade, é na política que podemos exercitar o serviço, e ela está sendo usada para enriquecimento ilícito".

Alvaro Dias (Podemos) classificou o combate à corrupção como a prioridade no País. "O Brasil não pode ser comandando por organizações criminosas", disse o presidenciável. O candidato repetiu sua proposta de institucionalizar a Operação Lava Jato no País. Já Guilherme Boulos (PSOL), também citando o Papa Francisco, aproveitou o momento para se apresentar como defensor dos "excluídos". Ele disse que o Brasil vive uma crise de destino. "Os valores éticos deixaram de ser o centro que guia a vida e a política".

Haddad vira alvo no segundo bloco

Tendo embates diretos com Geraldo Alckmin, Fernando Haddad virou o principal alvo no segundo bloco do debate. A organização do debate optou por sortear quem perguntava e quem respondia, ou seja, os candidatos não escolhiam seus interlocutores nos questionamentos.

Haddad vinculou Alckmin a Temer ao criticar a reforma trabalhista e o teto de gastos. O tucano, por sua vez, se posicionou favorável às mudanças trabalhistas e disse que quem escolheu Temer como vice foi o PT. "Não precisaria de PEC do teto se não fosse o vale-tudo do PT [...] "Quem escolheu o Temer foi o PT, ele era vice da Dilma. Aliás, reincidente porque escolheram o Temer duas vezes", declarou Alckmin. O petista rebateu dizendo que o PSDB "se uniu ao Temer para trair a Dilma". "Foi o PSDB que colocou o Temer lá".

O petista usou uma entrevista dada pelo ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati, dizendo que o ex-dirigente tucano reconheceu que o partido "sabotou" o governo Dilma. Alckmin declarou que Haddad estava "desvirtuando" as declarações e que a entrevista defendia uma autocrítica do partido. O tucano ainda atacou o PT pelo fato de a legenda ter lançado sua candidatura "na porta de penitenciária".

Dobradinha. Ciro Gomes e Marina Silva, como em debates anteriores, fizeram uma dobradinha para defender um novo modelo de atendimento na rede pública de Saúde e financiamento para distribuição de medicamentos de alto custo. Ciro Gomes chamou Marina de "estimável amiga" e elogiou o candidato a vice da presidenciável, Eduardo Jorge (PV).

Em 3º bloco, candidatos falam de imigração, emprego e reforma política

Assim como no bloco anterior, o PT virou alvo do candidato Henrique Meirelles. Para ele, o quadro de desemprego no País foi resultado de uma série de "equívocos" do governo Dilma Rousseff e do PT. Ele repetiu sua promessa de criar 10 milhões de novos empregos em quatro anos e retomar obras paralisadas.

Respondendo a uma pergunta sobre migração, Fernando Haddad prometeu ampliar para todo o território nacional leis que regulamentem o acolhimento de imigrantes. "Os países que optarem por violência colheram violência", disse, defendendo que o Brasil precisava escolher a "paz".

Ciro Gomes abriu mão de declarações ácidas e, após ter elogiado Marina Silva no bloco anterior, também teceu elogios para Guilherme Boulos. Ao falar sobre urbanização o pedetista disse que o adversário é "especialista" no assunto e está correto ao avaliar que há mais imóveis vazios nas cidades do que pessoas que precisam de uma moradia.

Geraldo Alckmin defendeu uma reforma política com voto distrital misto e facultativo. O tucano prometeu promover as reformas política, tributária, previdenciária e de Estado logo no começo de um eventual governo. Sendo questionado sobre segurança pública, Alvaro Dias (Podemos) defendeu investimento no monitoramento de fronteiras e atacou o governo Michel Temer por dizer que "não tem dinheiro para nada" na segurança pública. 

No mesmo bloco, Marina Silva (Rede) prometeu punir o feminicídio e fiscalização do Ministério do Trabalho contra salários desiguais entre mulheres e homens. A presidenciável também assumiu o compromisso de abrir 2 milhões de novas vagas em creches para que mães possam trabalhar. 

Marina e Meirelles atacam Bolsonaro e criticam reedição da CPMF

Em um bloco marcado por temas tributários, Henrique Meirelles e Marina Silva fizeram uma "dobradinha" para atacar o presidenciável Jair Bolsonaro, ausente no programa e internado após ter sofrido um ataque com golpe de faca no abdômen.

Meirelles e Marina criticaram a proposta do assessor econômico de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, de criar um imposto semelhante à extinta CPMF. "Sou contra a reedição da CPMF porque foi usada de forma pervertida", disse Marina, que retomou as críticas contra Bolsonaro classificando a proposta e a visão do candidato do PSL como "nefasta".

O emedebista, por sua vez, disse que o imposto é um "exemplo do que não pode ser feito" na economia. "Isso é perigoso, é grave, e a população precisa ser alertada por isso", declarou Meirelles dizendo que não se pode criar novos impostos que prejudiquem os mais pobres.

O que parecia o início de outra dobradinha sobre reforma tributária, entre Ciro Gomes e Fernando Haddad, se tornou espaço para uma "pinicadinha" de Ciro no petista, conforme o candidato do PDT se referiu. Haddad defendeu estabelecer um Imposto de Valor Agregado (IVA) para permitir que consumidores paguem menos impostos e cobrar alíquotas de lucros, dividendos e heranças, mas não escapou de críticas do adversário.

"Por que o povo deve acreditar nessa proposta na sua possível gestão se o seu partido, os senhores estiveram no poder durante 14 anos?" questionou Ciro. Haddad disse que o pedetista estava "esquecendo" do controle da despesa do governo ao falar de ajuste tributário.
 
Considerações finais
 
No último bloco do programa, os candidados responderam perguntas feitas pelos bispos. O esquema escolhido para o momento foi o sorteio. Temas como reformas da Previdência e trabalhista, agronegócio, educação, desigualdade social e a questão indígena pontuaram o debate. 
 
Após última sessão de perguntas, cada candidato teve um minuto para realizar suas considerações finais. Boulos iniciou e defendeu a candidatura afirmando que o primeiro turno é "o momento de votar no que acredita". Haddad veio logo após e destacou seu trabalho em parceria com o ex-presidente Lula quando foi ministro. Alvaro Dias aproveitou seu minuto para criticar a polarização na disputa.
 
Ciro Gomes pregou a mudança e criticou o "extremismo e a radicalização que estão infernizando o brasileiro desde 2014". Meirelles também citou a polarização em suas considerações finais, focando na questão do desemprego. Marina alfinetou Bolsonaro, líder nas pesquisas, e argumentou que o PT já teve sua chance de governar o país. Caminho parecido foi trilhado por Alckmin, que criticou a polarização entre Bolsonaro e Haddad.
 
 
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