ELEIÇÕES 2018

Confrontos e propostas para o estado

O governador Paulo Câmara (PSB) foi o adversário predileto dos demais concorrentes, que participaram ontem de debate na Rádio Liberdade em Caruaru

Publicado em: 19/09/2018 09:08 | Atualizado em: 19/09/2018 09:18

Além de críticas aos adversários, houve espaço para os postulantes apresentarem propostas para futura gestão. Foto: Helia Scheppa/PSB/Divulgacao
Faltando pouco mais de duas semanas para o primeiro turno das eleições, os candidatos ao governo continuam mantendo o tom propositivo ao mesmo tempo em que direcionam suas críticas ao candidato à reeleição Paulo Câmara (PSB). O debate realizado ontem pela Rádio Liberdade, em Caruaru, foi marcado pelos discursos contra a gestão socialista e também às alianças da Frente Popular e da coligação Pernambuco Vai Mudar, encabeçada pelo senador Armando Monteiro (PTB). Participaram também Maurício Rands (PROS) e Dani Portela (PSol). A Lei das Eleições e uma resolução do TSE garantem a participação em debates apenas dos candidatos com pelo menos cinco parlamentares no Congresso. Como a Rede tem menos, seu candidato, Julio Lóssio, não foi convidado. Ele fez um protesto em frente à rádio.

Maurício Rands
As críticas ao uso da imagem do ex-presidente Lula voltaram a ser o mote do candidato Maurício Rands (PROS). O postulante criticou tanto Paulo Câmara (PSB) quanto Armando Monteiro (PSB). Rands acusou o petebista de “faltar com a verdade” e fazer “coligações antagônicas”, afirmando que o palanque do senador conta com o apoio do PSL (partido do presidenciável Jair Bolsonaro) ao mesmo tempo em que se vincula a Lula. “As pessoas precisam recuperar a credibilidade na política. Não vale tudo. Misturar a estrelinha do PT, ainda que desbotada, com Bolsonaro, causa estranheza ao povo”.

Com relação a Paulo Câmara, que foi alvo dele por diversas vezes durante o debate, Rands disse que o socialista foi leniente ao “pegar carona na popularidade de Lula”. “Você fala como se tudo de ruim tivesse começado no governo Temer, mas sabe que teve início com Dilma Rousseff. Por conveniência eleitoral, fizeram acordo com o PT”, reiterou, afirmando que a militância socialista e petista “se odeiam”. 

Em diversos momentos do debate, Rands voltou a criticar o governo do socialista, chegando a afirmar que, na segurança pública, o socialista “só dialoga com assessores e pessoas de cargo de confiança”, sem ouvir os servidores.

Além das críticas aos adversários, o advogado também falou sobre suas propostas para áreas de infraestrutura, malha viária, segurança pública, entre outras. Defendeu, por exemplo, uma maior capacitação dos agentes que trabalham nas delegacias da mulher e disse que, se eleito, vai ampliar o atendimento das unidades policiais para o público transexual. 

Paulo Câmara
O candidato mais criticado do debate por estar à frente da administração estadual, o governador Paulo Câmara (PSB) fez questão de ressaltar os números positivos de sua gestão. O socialista voltou a dizer que governou o país em meio a uma grave crise econômica e sua administração avançou em pontos como educação, segurança pública, infraestrutura hídrica, entre outros. Além do balanço de suas atividades, o postulante também direcionou críticas ao senador Armando Monteiro (PTB) e a Maurício Rands (PROS).

O socialista provocou seu adversário ao dizer que Armando votou a favor da reforma trabalhista. “É bom esclarecer ao povo que eu fui contra a reforma. A vida das pessoas não é para ser testada, mas sim para se ter cuidado. Você insiste nesse discurso mesmo sabendo que a reforma trabalhista agravou o desemprego, precarizou a relação (de trabalho)”, disse Câmara, acrescentando que o petebista “fez um desserviço ao Brasil” e, enquanto senador, “deveria ter se dedicado a projetos importantes para o estado”. Paulo ainda afirmou que faltava experiência política ao adversário.

 Em resposta a Rands, o socialista ressaltou que o Pacto Pela Vida é uma política que versa sobre todos os parâmetros em relação à segurança, contando com a participação do governo, de membros do Judiciário, da Defensoria Pública, entre outros. “Maurício, como os demais candidatos, não conhece o Pacto Pela Vida. Ele foi secretário de estado e deveria conhecer”, criticou o socialista, afirmando que os trabalhadores da segurança pública são valorizados em seu governo. Paulo Câmara reiterou que, se eleito, vai instituir o 13° salário do Bolsa Família, o Prouni Pernambuco, além do programa Crédito Popular, que consiste em uma linha de crédito de R$ 3 mil para pequenos empreendedores.

Armando Monteiro
A participação de Armando teve como norte críticas ao que considera “promessas não cumpridas” por Paulo Câmara, como as de dobrar salários dos professores da rede estadual, construção de quatro hospitais e implantação da tarifa única no modal de ônibus da Região Metropolitana do Recife, citadas pelo principal candidato oposicionista.

“Ele não fez o que prometeu e se apresenta fazendo uma nova geração de promessas. É por isso que o povo já não acredita na classe política, Paulo. Porque pessoas como você falam o que não podem cumprir. Aqui em Caruaru, por exemplo, a obra do Hospital da Mulher de arrasta desde o governo Eduardo (Campos). Foi retomada duas vezes e até agora nada existe. Não tem sequer equipamento”, declarou.

No debate sobre a região Agreste, Armando destacou diversas estradas do estado que, na visão dele, estão precárias, como a BR-232. O candidato do PTB prometeu contemplar a manutenção em um período de três anos e em parceria com recursos do governo federal. “Não sei se o governador viaja ao interior de helicóptero”.

Armando também criticou a propaganda de Paulo, afirmando que ela é “mentirosa” quando diz que o estado tem a melhor educação do Brasil. Em outro confronto com o governador, disse que Paulo já defendeu, outrora, a reforma trabalhista. “Eu tenho um vídeo, gravado no Palácio do Planalto, de você defendendo a reforma trabalhista, Paulo. (...) Inclusive, se essa lei não der uma boa resposta na geração de emprego, eu venho a público dizer que errei, não me eximo”, concluiu o petebista. 

Dani Portela
Dani Portela (PSol) defendeu maior inclusão ao público LGBTs e pessoas com deficiência no processo educacional. A psolista pontuou precariedades na educação estadual e prometeu a descentralização de escolas, caso seja eleita, para áreas rurais e periferia das cidades.

 “Nenhuma escola deveria valer menos, a escola de referência não vai para as áreas rurais, nem para as periferias. É fundamental capacitar esse profissional de educação e nós vamos fazer no governo”, prometeu a professora e advogada. Ela também criticou a PEC do Teto dos Gastos em diversos momentos do debate, afirmando que é uma “tragédia” para o Brasil. “Será que é justo que alunos saiam do país, e eu acho o programa muito bom, mas não tem professor de uma determinada matéria dentro da sala?”, indagou.

No aspecto da violência, Dani foi contundente em relação ao funcionamento de delegacias em Pernambuco. Para ela, é importante ampliar o efetivo policial nas unidades de atendimentos 24 horas, sobretudo no interior, onde alega que a insegurança está cada vez mais crescente, inclusive com o número maior de explosão a caixas eletrônicos. “As delegacias abrem apenas com um policial muitas vezes”, disse Dani.

A candidata ainda pontuou como faria o investimento na prevenção à violência contra a mulher. “Aqui em Caruaru, o complexo da Polícia Científica ficou apenas na promessa”
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