ELEIÇÕES 2018

Marqueteiros orientam candidatos a presidente a evitar menções a Lula

Para especialista, maioria dos partidos entendeu que mencionar Lula aumenta o engajamento da militância petista e fortalece o discurso de 'conspiração política'

Publicado em: 17/08/2018 12:19

Presidenciáveis na TV Band: orientação é que nome de Lula seja evitado também em debates televisivos. Foto: Nelson Almeida/AFP
Os principais adversários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, decidiram pela "estratégia do esquecimento". A orientação dos marqueteiros de campanha repassada a 11 candidatos na disputa ao Planalto, que têm o petista como concorrente, é evitar citar ou fazer referência ao político durante eventos de campanha, inclusive debates televisivos.

A estratégia foi posta em prática no primeiro debate, da TV Band, na semana passada, e voltará a ser usada hoje à noite, durante o embate na Rede TV, que tem a TV Brasília como afiliada. O único candidato que foge à regra é Guilherme Boulos, do PSol, defensor de que Lula participe da eleição, mesmo com prisão decretada e condenado em segunda instância.

“Sou candidato ao Planalto, não sou ministro do TSE”, diz o tucano Geraldo Alckmin nos bastidores. Nas redes sociais, ontem, o presidenciável do PSDB, ao justificar a aliança com partidos do Centrão, citou o PT e o candidato Jair Bolsonaro como “radicais”, mas evitou falar Lula.

Sobre se lembrar de Lula durante os debates, a equipe de comunicação de Marina Silva (Rede) afirmou que a candidata não cita o ex-presidente nos discursos, porque a oportunidade serve para expor as propostas dela para o país em 2019. “Os debates eleitorais existem para discutir propostas que os candidatos oferecem para o Brasil, e não questões referentes a candidaturas”, escreveu ao Correio.

Para o analista político Creomar de Souza, a maioria dos partidos já entendeu que mencionar Lula aumenta o engajamento da militância e abre espaço para que a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, continue com o discurso de “conspiração política”. Com o julgamento da candidatura, segundo Souza, os outros postulantes poderão analisar qual a capacidade real de estrutura política do partido. “Para saber se o discurso de perseguição e a maciça campanha pró-Lula resultará em votos para a chapa do Haddad e da Manuela”, afirma o especialista. Já para o cientista político Lucas Aragão, a omissão acerca de Lula não é uma estratégia pensada pelos postulantes. “Os candidatos devem mencionar de uma maneira específica, se questionados sobre assuntos que levam ao PT, como a Lava-Jato, o impeachment etc. Não será um personagem central, porque não acreditam na candidatura dele”.

Isolado, com pouco tempo de televisão, recursos partidários escassos e militância inflamada, Jair Bolsonaro é outra figura que deve ser tratada de maneira distinta pelos presidenciáveis durante a campanha. O analista político explicou que os adversários do militar devem abordá-lo com perguntas complexas. “Nos debates, há uma questão que gera uma vantagem para o Bolsonaro: a resposta simples para uma pergunta mais elaborada. Mais do que tentar esquecê-lo, é necessário fazer questionamentos que ele não possa responder ou que mostre uma deficiência nisso”.
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