Gleisi alerta Marília para movimentos feitos sem o aval das executivas

"Ela sabe que, se o PT não assumir (esses movimentos), eles não vão ser efetivos e não vão ajudá-la a construir a pré-candidatura", disse presidente nacional da sigla.

Publicado em: 22/06/2018 06:00

Na última quarta-feira, Marília comemorou absolvição de Gleisi no STF. No dia da coletiva, ela se solidarizou com a presidente do PT. Foto divulgação: Facebook/Marília

 

A movimentação da vereadora Marília Arraes para emplacar a candidatura própria no PT nos últimos dias provocou nova reação, ontem (21), da presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR). A parlamentar se posicionou após ser indagada se os movimentos de Marília descontentavam a executiva nacional da sigla petista: “Ela sabe que, se o PT não assumir (esses movimentos), eles não vão ser efetivos e não vão ajudá-la a construir a pré-candidatura”, declarou. Gleisi se referiu ao fato de Marília ter convocado uma coletiva, na última terça-feira, e ter recebido o apoio do deputado federal Silvio Costa (Avante) para disputar o governo do estado. Na ocasião, a vereadora disse que ele seria seu pré-candidato ao Senado. “Se ela tem possibilidade de fazer conversação, todo mundo faz. Mas isso passa por uma decisão partidária, uma decisão do diretório estadual, mas principalmente do diretório nacional”.


A declaração da presidente petista foi dada ao radialista Geraldo Freire. Gleisi manteve a posição de que o PT deseja fazer uma aliança nacional com a “centro-esquerda” para dar suporte à pré-candidatura de Lula ao Palácio do Planalto. A senadora ainda fez a ressalva de que, além da disputa presidencial, a legenda pretende reforçar a bancada federal, o que mantém a reeleição do senador Humberto Costa como prioridade. “Em se tratando do Senado, em Pernambuco, a nossa prioridade é o senador Humberto Costa que já atua no plano nacional, é uma liderança consolidada”, declarou, após fazer elogios à atuação de Silvio Costa e à Marília, a quem chamou de “aguerrida”.

PT estadual solta nota e diz que Marília não conversou com o partido

Após a entrevista de Gleisi, Marília Arraes manteve inalteradas as agendas de campanha, ontem, e visitou os municípios de Orocó e Santa Maria da Boa Vista, no Sertão. Ela deu entrevistas em rádios locais logo depois de Gleisi se posicionar e voltou a dizer que o PSB queria se aproveitar da popularidade do ex-presidente Lula. “Uma aliança com o PSB seria algo incoerente, depois que passamos muitos anos na oposição. Seria uma grande irresponsabilidade apoiar um governo tão ruim”, disse. A petista lembrou que, na última segunda-feira, o frei Sergio Antonio Görgen, religioso da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), visitou o ex-presidente Lula em Curitiba e Lula lhe declarou que apoiaria a sua candidatura.



Veja um trecho da entrevista de Gleisi



“Tenho muito orgulho de tê-la nas fileiras do Partido dos Trabalhadores, estimo muito a entrada dela no PT... Marília entrou no PT num momento em que o PT estava sob uma crítica muito forte, ela teve coragem, subiu a bandeira e a causa, é mulher jovem, aguerrida, de luta e tem todas as condições de colocar sua pré-candidatura. Acho que isso faz bem ao PT, faz bem a nossa militância. É óbvio que, dentro da condição da pré-candidatura, a busca por uma política de alianças, tentar falar com outro partido... Silvio Costa é um amigo nosso, esteve junto com a gente ao combate ao

impeachment, ao golpe, está bem posicionado sobre temas importantes a nível nacional, é uma pessoa que a gente tem estima e carinho...Agora, daí a configurar uma aliança, uma coligação

é um passo muito grande porque coligações são feitas pela direção partidária, pelo Partido dos Trabalhadores e ai, em Pernambuco, como em grande parte dos estados, não definimos as coligações. Todas as coligações locais estão observando as movimentações nacional do partido. Nós somos um partido de projeto nacional, sempre atuamos assim, e a nossa prioridade é a eleição desse projeto nacional, a eleição de Lula, e, tiramos como indicador para essa eleição, compor uma aliança com a base de centro-esquerda do Brasil, com partidos que têm se posicionado contra o desmonte do estado brasileiro e isso, obviamente, vai ter consequência em todos os estados. As movimentações que se fazem agora em pré-campanha, em discussões anteriores, são todas preliminares. Não dão ao partido nenhuma determinação de agir neste sentido. As movimentações da política acontecem, em se tratando do Senado ai, em Pernambuco, a nossa prioridade é o senador Humberto Costa que já é senador, já atua no plano nacional, é uma liderança consolidada e isso não uma questão só em Pernambuco, nós temos uma resolução do partido do final do ano passado que hierarquiza nossas prioridades”.


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