Eleições

Lula trata gestão de Paulo Câmara como uma 'vitrine'

Segundo Fernando Haddad, ex-presidente sugeriu que três governos progressistas do Nordeste fossem visitados para que boas ideias contribuíssem para seu plano de governo

Publicado em: 18/05/2018 09:00 | Atualizado em: 18/05/2018 11:35

Ex-prefeito de São Paulo fez afagos aos três governadores nordestinos logo após conversar com Lula, que está preso em Curitiba (PR). Foto reprodução

 

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, e saiu do encontro fazendo elogios a três governadores – Flávio Dino (PCdoB), Paulo Câmara e Ricardo Coutinho, ambos do PSB. Segundo Haddad, que esteve na prisão federal de Curitiba, Lula está determinado a disputar a Presidência da República, mesmo estando preso, e lhe pediu que visitasse os estados “vitrines” para colher “boas ideias” dos governos, entre eles o de Pernambuco. Haddad se encontrou com o petista ao lado da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Chamando a gestão de Paulo Câmara de “vitrine”, Haddad enfraqueceu a perspectiva de da vereadora Marília Arraes, pré-candidata do PT ao governo estadual, adversária ferrenha do PSB.

O afago de Haddad às gestões de Paulo, Ricardo Coutinho e Flávio Dino foi feito na mesma semana em que Gleisi Hoffmann conversou com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e com a presidente do PCdoB, Luciana Santos. A iniciativa foi vista como uma última cartada de Lula para sair do isolamento e conseguir o apoio do PSB, que caminha para apoiar o futuro presidenciável Ciro Gomes (PDT), e do PCdoB, que mantém a pré-candidatura de Manuela D´Ávila.

Por outro lado, a fala de Haddad chegou praticamente como a “bênção” de Lula para uma aliança local entre o PSB e o PT, o que Marília não contava. Na Paraíba, os petistas vão apoiar o candidato do PSB ao governo do estado, o sucessor de Ricardo Coutinho. E no Maranhão, o mesmo acordo já foi selado para reforçar o palanque de Flávio Dino. Já em Minas Gerais, há uma articulação para Márcio Lacerda (PSB) retirar a pré-candidatura e apoiar o governador Fernando Pimentel (PT), que corre o risco de sair sem apoio de qualquer partido. Fernando Pimentel, inclusive, jantou ontem à noite com o governador Paulo Câmara.

 

“Ele (Lula) quer que seu plano de governo reflita as boas ideias de governadores como Flávio Dino, Paulo Câmara, Ricardo Coutinho. Entre junho e julho, eu vou fazer uma viagem aos estados progressistas para incorporar, no plano de governo (do PT), as vitrines estaduais que podem ser nacionalizadas”, declarou Haddad, que tinha acabado de fazer um discurso para a militânciapresente usando megafone.   

Segundo Haddad, Lula estimulou “vivamente a conversa com os partidos políticos” de centro-esquerda e a manutenção do diálogo, mesmo que as demais legendas tenham candidato à presidência. O objetivo é que um dos nomes adversários de Temer chegue ao segundo turno. “Ele liderou a vida inteira o diálogo. É do interesse dele que os partidos progressistas que se opõem ao governo Temer mantenham o diálogo independentemente de ter candidato próprio”.

A bênção de Lula reforça a tese de aliança com o PSB defendida pelo senador Humberto Costa. Ela chegou no mesmo dia que o Grupo de Trabalho Eleitoral do PT nacional se prontificou a elaborar um encaminhamento para o PT pernambucano sobre as eleições, após um processo de escuta interna. A indicação deve propor um acordo a Marília e pedir que ela dispute um mandato de deputada federal. O PT estadual não é obrigado a seguir a indicação, mas seria o mesmo que contrariar Lula.  

Marília Arraes preferiu não se pronunciar sobre as declarações de Haddad. Ela mantém a agenda de encontros políticos e, no próximo domingo, às 10h, reúne-se com a militância, no Clube Internacional do Recife, para defender a tese de “Lula livre”, bem como sua eleição presidencial. No evento, Marília estará reunida com os apoiadores do seu projeto de concorrer ao governo do estado. A petista mantém o apoio, especialmente, de movimentos sociais, trabalhadores rurais e sindicatos, a chamada base petista.

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