Diario na Alemanha Mais informação para colher menos delitos Câmara de Comércio e Indústria da cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, incentiva os mais de 140 mil associados a ter programas de compliance

Por: Sávio Gabriel - Diario de Pernambuco

Publicado em: 17/12/2017 10:00 Atualizado em: 22/12/2017 20:26

Com pouco mais de 82 milhões de habitantes e sede de grandes empresas multinacionais, a Alemanha passou a se debruçar de maneira mais intensa sobre corrupção a partir de 2007. Do ponto de vista legal, isso se traduz em menos tolerância a certos atos: comportamentos que antes eram considerados meras infrações atualmente são delitos investigados pelas autoridades do país. Nesse cenário, instituições como a Câmara do Comércio e da Indústria da cidade de Colônia têm se preocupado em orientar seus associados para a adoção de boas práticas.

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“Compliance não significa apenas luta contra a corrupção, mas sim a observação de todas as normas e leis. Um dos grandes desafios é conhecer todas as normas que devem ser respeitadas, já que a Alemanha tem uma série de leis”, explica Tobias Rolfes, advogado e representante de compliance da Câmara. Ao todo, 145 mil empresas e comerciantes da região são associados à instituição. Os gestores  contam com orientação sobre a importância de ter programas de conformidade na estrutura das empesas, mas ainda há resistência por parte de alguns devido aos custos.

Atualmente, existe uma espécie de controle político e judicial no país para que tudo seja feito dentro da lei, com impactos diretos para aquelas empresas que não seguem o que é determinado. Além das sanções legais, há também a exposição na mídia. “Por consequência disso, os gestores acabam querendo preservar as regras por saber que isso vai refletir diretamente no número de vendas”.

Montadora
Exemplo disso é o da tradicional  montadora alemã Volkswagen, que, em 2015, teve seu nome ligado a fraudes envolvendo testes de emissões de poluentes. Em um mês de escândalo, a marca já registrava uma queda de 5,3% nas vendas em âmbito global.

No que diz respeito às punições, os gestores envolvidos em corrupção pagam uma indenização, cujo valor varia de acordo com cada caso, e ainda podem ser proibidos de exercer a função em qualquer outra empresa. No caso das companhias, existe uma multa, que pode ser de até 5 milhões de euros para casos em que houve negligência, e até 10 milhões de euros para crimes intencionais. As companhias também são impedidas de participar de licitações.

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