Diario Editorial: O DEM em busca de voo próprio

Por: Aécio Amado

Publicado em: 27/12/2017 07:57 Atualizado em:

Mais um partido se articula para tentar alcançar o centro, espectro político que se tornou uma espécie de Santo Graal para os que almejam vitória nas eleições de 2018. Agora é o DEM que, segundo o notíciário nacional de ontem, pretende lançar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), como candidato à Presidência da República. A última vez que o partido teve um candidato puro-sangue na disputa foi em 1989, quando ainda se chamava PFL (tornou-se DEM em 2007) e lançou o nome de Aureliano Chaves, ex-governador mineiro e ex-vice presidente na gestão do general João Figueiredo.

Rodrigo Maia seria capaz de romper “o clima de intolerância política que agita o país”, disse o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). Segundo ele, um dos itens para viabilizar o nome seria o lançamento de candidaturas a governador em 12 estados, entre os quais Pernambuco (os demais seriam AP, BA, DF, GO, MS, MT, PA, RJ, RO, RS, SP).  O partido fez 21 deputados federais em 2014, mas espera dobrar a bancada até março de 2018. “Estamos tentando ocupar espaço de centro, lacuna deixada pelo próprio PSDB, nos conflitos externos, brigas e disputas internas”, afirmou Efraim.

Não se pode tomar pré-candidaturas, muito menos “ensaios” de candidaturas, como candidatura de fato. Ao empreender essa movimentação, todos os partidos buscam cacifar-se para entrar fortalecidos num eventual coligação com outras legendas. Mas o DEM já deu mostras que pretende alçar voo próprio. Tentou antes o nome do apresentador de TV Luciano Huck, sem sucesso. Agora, ensaia o nome de Rodrigo Maia.

Na eleição de 1989, que ocorreu em um quadro de “rejeição a políticos profissionais”, o candidato do PFL não foi bem sucedido. Aureliano Chaves – que tinha o segundo maior tempo na TV, atrás apenas de Ulysses Guimarães, do PMDB – teve menos de 1% dos votos. Passaram para o segundo turno dois outsiders na época: Lula, pelo PT, e Fernando Collor, do PRN, com o final que todos nós conhecemos.

O pleito de 2018 tem algumas semelhanças com o de 1989, como a desconfiança em relação aos políticos e a pulverização partidária. Naquele ano foram 22 candidatos a presidente. O cenário que se está montando para 2018 é que as principais legendas  tencionam ter candidato próprio. Faz sentido, então, a movimentação do DEM para tentar lançar o seu nome. Em política, o crescimento dá-se por meio de eleições, e partido que nunca se mostra corre o risco de ir aos poucos virando uma sombra do outro maior com o qual se coliga. O reverso desse raciocínio, no que tange a partidos tradicionais, é que uma candidatura olímpica mais prejudica que ajuda.  No final de tudo, o veredito quem dá é o eleitor.


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