previdência Apesar de reconhecer a dificuldade, Alckmin diz que PSDB apoiará reforma As palavras de Alckmin soaram como música aos ouvidos do Planalto, que espera contar com o PSDB na batalha para aprovação da Previdência

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 02/12/2017 10:52 Atualizado em: 02/12/2017 11:11

Temer e Alckmin vão se encontrar hoje em São Paulo. Foto: Marcos Corrêa/PR
Temer e Alckmin vão se encontrar hoje em São Paulo. Foto: Marcos Corrêa/PR

Na véspera do encontro com o presidente Michel Temer — o primeiro desde que foi indicado como candidato de consenso para presidir o PSDB —, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que o partido vai apoiar a reforma da Previdência que será apresentada pelo governo federal. Não disse, contudo, quantos votos a bancada tucana, composta por 46 deputados, dará ao texto. Na última reunião da executiva da legenda, o comando partidário evitou o fechamento de questão em torno do assunto.

“A Previdência precisa ser reformada porque há dois sistemas e os dois têm deficit. Só que o do INSS (Instituto Nacional do Serviço Social), que tem deficit de R$ 160 bilhões a R$ 170 bilhões para 32 milhões de aposentados, tem distribuição de renda. Ninguém ganha mais de R$ 5 mil e a média é um salário mínimo e meio. Mas o setor público é preocupante. Tem deficit de mais de R$ 80 bilhões para menos de 1 milhão de aposentados e pensionistas, com salários muito elevados. É o Robin Hood às avessas e, por isso, tem que ser corrigido”, disse o governador, em entrevista à Rádio Capital.

Rombo

As palavras de Alckmin soaram como música aos ouvidos do Planalto, que espera contar com o PSDB na batalha para aprovação da Previdência. “Ele sabe que, ao ser escolhido candidato de consenso para presidir o partido, teria dificuldades de convencer o mercado, caso o partido resistisse às bandeiras históricas que sempre defendeu”, afirmou um interlocutor do presidente Temer. “As resistências do PSDB à reforma geraram reações fortes de nomes tradicionais do partido, como a economista Elena Landau e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga”, lembrou um aliado com livre trânsito no gabinete presidencial.

Alckmin citou todos os valores médios pagos ano passado em aposentadorias: R$ 1.191 para o aposentado do INSS, R$ 8 mil para o servidor do Poder Executivo público, R$ 16 mil para representantes do Judiciário e R$ 24 mil para o Legislativo. “Não pode ter um sistema desses. Sempre defendi um regime geral de Previdência e vou lutar por isso, como já foi feito em São Paulo. Aqui, tanto o Legislativo, o Judiciário e o Executivo recebem o teto do INSS e têm a opção de aderir à previdência complementar”, comparou ele. 

O tucano, no entanto, reconheceu que reforma da Previdência não será facilmente aprovada pelo Congresso, já que, por ser emenda constitucional, precisa de 308 votos. “Mas a proposta terá o apoio do PSDB. Nós vamos apoiá-la.” Na última quarta-feira, o governador já havia afirmado que o PSDB defenderia a reforma da Previdência sob qualquer circunstância, em referência a uma eventual saída da sigla da base governista.

Moradias

Na entrevista à rádio, Alckmin não quis falar como presidente do PSDB. “Se assumirmos, será só no dia 9. Antes disso não tem conversa, como presidente do partido, com o presidente Temer”, completou. Hoje, os dois se encontrarão no interior paulista em dois eventos de entrega de moradias populares construídas com recursos dos programas Minha Casa, Minha Vida (federal) e Casa Paulista (estadual). Mas ele confirmou querer ser candidato à Presidência da República ano que vem por se considerar preparado para o cargo.

“A postura do Geraldo está correta, ele não pode e ainda não tem autoridade para falar em nome do PSDB, porque ainda não é presidente de fato do partido”, afirmou o secretário-geral do PSDB, Silvio Torres (SP), um dos nomes mais próximos ao governador e, na futura gestão, deverá ser o responsável pelas finanças tucanas. Silvio lembrou que Alckmin e Temer terão agendas administrativas bastante intensas, sem brechas para outros assuntos. “O que não significa que, após o dia 9, ele se coloque como alguém disposto ao diálogo com o Planalto”, afirmou Torres.

Para o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), o partido, na verdade, está realinhando o discurso com as velhas bandeiras. “O absurdo era uma ala tucana ser contra a reforma da Previdência. Sabemos que a votação ainda este ano é difícil. Mas este assunto precisa ser, pelo menos, colocado em discussão para amadurecer”, defendeu Leitão.

Interlocutores do governo que passaram a semana dizendo que não havia nenhum encontro específico previsto entre o presidente Temer e o governador paulista admitiram ontem que aliados de ambos os lados tentarão promover uma reunião entre os dois em algum momento ao longo do dia. Não se sabe a duração e se eles estarão a sós.

“Não pode ter um sistema desses. Sempre defendi um regime geral de Previdência e vou lutar por isso, como já foi feito em São Paulo. Aqui, tanto o Legislativo, o Judiciário e o Executivo recebem o teto do INSS e têm a opção de aderir à previdência complementar”
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo


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