Opinião Jaime Xavier: Inovação = Prioridade = Frustração Jaime Xavier é mestre em Administração de Negócios pela OPPE RJ. Socio-diretor da XConsult Consultoria Empresaria

Publicado em: 09/11/2017 07:44 Atualizado em:

Artigo publicado pela Harvard Business Review, com base em pesquisa da McKinsey, dá conta de que a inovação, apesar de considerada uma iniciativa prioritária por 84% dos empresários entrevistados, é ao mesmo tempo motivo de frustração para 94% destes mesmos líderes organizacionais.

Esta afirmação, que a principio poderia parecer contraditória, é na verdade fruto da própria postura da grande maioria dos empresários e dirigentes organizacionais, que no geral, limitam a capacidade criativa das suas equipes, graças a sua forte tendência para centralizar decisões, resistir em delegar e pelo medo de perder poder.

Infelizmente, à medida em que as organizações crescem, aumenta a distância entre os que as comandam e os que atuam no real “cenário das operações”, onde de fato acontecem os negócios e onde as falhas atingem diretamente o cliente. Se não, responda você mesmo: quanto tempo dedicou a visitar suas lojas nos últimos tempos?

A verdade é que é tão grande o tempo que dedicamos a reuniões, encontros, discussões, para discutirmos as ideias e avaliarmos novas propostas e projetos, que as empresas cada vez mais se transformam em imensas e ineficientes estruturas burocráticas.

E o pior de tudo é que, em minha convivência como executivo e, posteriormente como consultor, e tenho certeza de que poucos vão discordar, tenho constatado que após exaustivos debates, raramente estas ideias se transformam em prática, na maior parte das vezes vítima de atitudes egocêntricas e individualistas que impedem a chegada a um consenso.

A meu ver tudo se deve à falta de um Planejamento Estratégico bem estruturado, capaz de ser assumido por todos como referência, mas principalmente à necessidade cada vez maior de, como seres humanos, assumirmos posturas efetivamente comprometidas com os objetivos gerais das nossas empresas, a partir disso conduzindo suas diversas áreas a atuar como um único e verdadeiro time, tendo como objetivo comum o bem da organização, acima das vontades, caprichos e disputas de ego.

Para que isso ocorra, no entanto, é preciso que o principal dirigente da organização assuma um papel real de empresário e haja como líder,  fugindo da atitude de dono e patrão.

Esta mudança no entanto, de fato só acontece quando se tem coragem, determinação e confiança na marca, o que só acontece com anos de trabalho e investimento, e com uma definição clara dos valores que ela deve entregar.
A única solução para isso, é a estruturação consistente de um Planto Estratégico, transformado em bússola a ser seguida por todos os que compõem a tripulação do barco, inclusive e, principalmente o seu comandante.

Sem se tomar este tipo de atitude, tudo vai continuar como está, com os clientes e empresários cobrando inovação, os executivos se reunindo e tentando encontrar os caminhos para atingir este objetivo, e a frustração sendo o resultado obtido por todos.

Normalmente ficamos indignados com a incapacidade dos governos em transformar os impostos que pagamos, em serviços inovadores, eficientes e capazes justificá-los mas, se pararmos de nos reunir tanto, visitarmos mais o “chão de loja” e escutarmos mais nossos funcionários e clientes, provavelmente reconheceremos que nesse sentido, agimos da mesma maneira que os burocratas governamentais que tantas vezes criticamos. 
 


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