DIARIO Raquel Dodge

Por: Daniela Lima - Correio Braziliense

Publicado em: 19/09/2017 07:23 Atualizado em:

Sereno e holístico. Os dois adjetivos definem o tom do discurso de posse de Raquel Dodge. A procuradora-geral da República frisou a obrigação do Ministério Público de, além da função criminal, agir na defesa dos direitos humanos. Reconheceu a necessidade de a instituição dar prioridade a problemas sérios que emperram o desenvolvimento da pessoa e punem o cidadão.
Diante dos chefes dos Três Poderes, presentes à solenidade, não se limitou a referências genéricas. Ao contrário. Concretizou com exemplos os fatos a que se referia. Os males que agridem a sociedade têm nome — violência urbana e rural, elevadas taxas de homicídios, barbárie doméstica, crimes de trânsito, práticas de corrupção, falta de serviços básicos de saúde. Não só. Citou a importância da educação de qualidade que “emancipa a pessoa e rompe o círculo da pobreza”.
Os desafios são muitos, admite ela. Com razão. Mas mesmo os desafetos admitem que Raquel Dodge conhece o caminho das pedras. Em primeiro lugar, cite-se a qualificação. Ela é dona de formação técnica sólida, com curso de extensão em Harvard. Em segundo, a trajetória profissional. Trinta anos de MP lhe deram a desenvoltura de que precisa para fazer frente a muitas urgências.
Atuou em diferentes polos no rol das atribuições da missão que abraçou. Em 2009, coordenou a Operação Caixa de Pandora, que levou à prisão um governador e pôs a nu o mensalão do DEM. Com certeza saberá encaminhar com serenidade as muitas pendências que a esperam. Entre elas, delações, forças-tarefas, pedidos de prisão e investigações. “Não nos têm faltado os meios orçamentários nem os instrumentos jurídicos”, disse a procuradora-geral para sublinhar a determinação que a move.
Consciente de que o processo civilizatório não aceita retrocessos, Dodge defende os direitos dos indígenas e luta contra a escravidão. Zela pelo bem comum e pelo meio ambiente. Protege, com as armas de que dispõe, a liberdade de religião e de credo. Reconhece a herança multirracial e multicultural brasileira, que exige tolerância, convívio com as diferenças e respeito pelas minorias.
A tarefa que a aguarda é hercúlea. Mas, como afirmou, quer seguir a trilha dos antecessores na “certeza de que o Brasil seguirá em frente porque a povo mantém a esperança em um país melhor, interessa-se pelo destino da nação, acompanha investigações e julgamentos, não tolera a corrupção e não só espera, mas também cobra resultados”.
 


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