DIARIO O perigo dos falastrões

Publicado em: 20/09/2017 07:44 Atualizado em:

Há um ditado popular que diz: quem muito fala, pouco faz. Como costuma acontecer com os ditados populares, este muitas vezes reflete a realidade. Mas isso não impede que nos preocupemos com o que os falastrões dizem – sobretudo quando eles estão em posição de causarem estragos. É o que acontece agora, por exemplo, com as tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, refere-se a testes nucleares e a ataques contra outros países como quem fala sobre um plano de governo qualquer. Pelo menos são as informações que nos chegam, aqui no chamado mundo ocidental. O fato de termos poucas informações sobre o que acontece naquele país, e mesmo sobre o pensamento e a prática do seu líder, não é por manipulação  do mundo ocidental – é que o regime norte-coreano é o mais fechado do mundo. O país não tem liberdade de imprensa nem permite que a imprensa estrangeira vá até lá fazer matérias sobre a vida e a política local. Onde não há liberdade de imprensa impera a ditadura, e onde a ditadura impera só podemos interpretar as informações oficiais como propaganda, sem dir eito a contraditório – pois bem, é por meio desta propaganda que recebemos as opiniões do líder norte-coreano e a narrativa sobre os seus atos.

Em uma situação de paz, veríamos tudo isso como bravatas de um líder isolado e bufão. Mas acontece que os testes com armas nucleares são reais, e o que poderia ser visto como fanfarronice em outro contexto, aqui depende apenas do apertar de um botão.

Por falar em líder bufão ( palavra que utilizamos aqui no sentido dramatúrgico, como definidora daquele personagem que faz do exagero uma de suas marcas principais), ontem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao discursar na ONU, ameaçou “destruir totalmente” a Coreia do Norte, se não tiver outra escolha – ele quis dizer: caso os EUA ou seus aliados na região, como o Japão, precisem se defender da ameaça nuclear. Não há dúvidas que os EUA têm poderio bélico para isso. Acrescente-se ao problema, no entanto, que a Coreia do Norte é apoiada pela China, que também tem seus interesses na região.

Queremos crer que o mundo não deixará que tamanha tragédia se torne realidade. Queremos crer que os próprios bufões não desejam isso, porque uma contenda dessa natureza só teria perdedores. Mas é surpreendente e preocupante que, de um lado e outro,  a escalada de ameaças tenha chegado a esse ponto.
 


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