OPINIÃO Marly Mota: Paris, lança ao mundo à art décor

Publicado em: 18/09/2017 07:29 Atualizado em:

Os dias de sábado, por não haver aula, eram aguardados por mim e pela prima Heloisa com ansiedade , quando meninas, para as caminhadas pela feira semanal que ocupava a praça da igreja. Alguém nos vigiava da varanda da minha casa, sobrado colonial, na mesma praça. À noite completávamos o dia, assistindo no Cine Bom Jardim aos seriados, sessões passa tempo, com O Gordo e o Magro; Popeye e Olívia Palito; Tarzan o Rei das Selvas; Charles Chaplin, por ele mesmo em Carlitos. Nos intervalos das sessões vinha o palhaço animar a plateia.

Em tempo não tão distante da minha meninice na cidade que vivi, surgiu uma nova maneira, mais apurada, de dar forma aos móveis e decoração, a arquitetura com novas fachadas das casas e prédios; a moda; as artes visuais em geral. Por esse movimento de singeleza geométrica, chamado art decó, visualizei o antigo matadouro de Nazaré da Mata, construção que ocupa o atual Centro Cultural Mauro Mota; as fachadas dos cines teatros de Bom Jardim e Olinda, este na Praça do Carmo, freqüentados por mim quando adolescente, onde assisti filmes com artistas que explodiam glamour, criando ilusões nos espectadores.

Revistas brasileiras entre elas, Fon-Fon, Cigarra, Vida Domestica, que a minha mãe colecionava, marcaram as características deste estilo em anúncios publicitários. Desenhos de joias, relógios e dos belos frascos de perfumes. Lembro-me da embalagem da caixa do pó de arroz Oryam de Gally, da minha mãe, que eu usava escondido. Em Nova York, o importante arranha-céu Chrysler, na Avenida Lexington, um ícone desse movimento artístico. Na Quinta Avenida, com amigos, subimos no majestoso Empire State, com 102 andares, cenário de muitos filmes eternizados, King Kong e o romântico Tarde Demais para Esquece.

Prolongamos o nosso passeio revendo a romântica Praga, andando por suas ruas medievais, revendo igrejas seculares, ouvindo Anitra´s Dance, do compositor tcheco Edvard Griegque, que ao piano interpretei mal. Fomos ver a casa de Franz Kafka, no centro antigo. Protegido pela UNESCO está o Imperial Hotel, como uma joia da art déco. Na casa dos meus pais, quando menina, convivi com alguns objetos: uma jarra oitavada, posta junto ao móvel do rádio, de traçado simples, atraia os mais velhos à hora do noticiário. Na vitrola, as operetas de Franz Lehár, trazendo alegria. Alguns chegavam a dançar. 

Em Viena, com grupo de amigos, ouvindo valsas, passando pelo Pavilhão das Artes, nos seus salões, havia destacada exposição No frontispício do prédio estava escrito numa faixa: A cada época a sua arte, a cada arte a sua liberdade.


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