Opinião Laura Gomes: A palavra certa Laura Gomes é deputada estadual (PSB)

Publicado em: 12/09/2017 07:27 Atualizado em:

Este 4 de setembro é um momento simbólico para as mulheres em Pernambuco. Ao assinar o decreto que determina o registro da ocorrência policial como %u201Cfeminicídio%u201D, ao invés da motivação %u201Ccrime passional%u201D, o governador Paulo Câmara marca um avanço na superação da desigualdade de gênero.

Como sabemos, não é só o nosso estado, mas o Brasil em seu todo que ainda está mergulhado numa cultura da superioridade masculina. O mundo informatizado e a comunicação globalizada não alteraram costumes seculares de menosprezo, opressão, exploração e violência contra a mulher.

O número de estupros, as diferenças salariais e de ascensão profissional, em relação aos homens, além das agressões e assédios, tanto nos lares como em ambientes de trabalho, são habituais no cotidiano a revelar que a modernidade continua distante e costumes civilizados ainda mais longe se encontram, nas relações entre homem e mulher.

Felizmente, o governo do estado, atendendo uma proposta da Secretaria Estadual da Mulher, reforçou mais uma vez o caminho da igualdade e do respeito entre os gêneros.

Não se trata de mera troca de palavras. Entre feminicídio e %u201Ccrime passional%u201D há uma distância de séculos. A primeira expressão formata o crime contra a pessoa por questão eminentemente de gênero ou, em palavras mais diretas, a violência contra alguém pelo simples fato de ser mulher. Já o segundo termo, guarda a relação conivente com a legitimidade em se agir brutalmente por motivos de paixão e emoção, mas, na verdade, o sentido disfarçado é o de remover a culpa por assassinatos cometidos para %u201Clavar a honra%u201D masculina.

A figura %u201Ccrime passional%u201D, tem tudo a ver com a antiquada e descabida %u201Clegítima defesa da honra%u201D que, por muitas décadas, tratou o crime contra a mulher, sobretudo sob suspeita de adultério, como normal nas relações de gênero. Uma espécie de licença cultural para matar em nome da moralidade de viés machista.

O 4 de setembro de 2017 se constitui, portanto, em data marcante para a sociedade civil que luta por novos tempos de civilidade nas relações entre homem e mulher. Evidente que esta conquista não nos afasta da certeza de que há um extenso caminho a percorrer até alcançarmos um nível aceitável de respeito ao feminino, sem discriminações, preconceitos e opressão. Mas, o importante é darmos um passo de cada vez e em cada vitória redobrar a energia para persistir em busca do mesmo objetivo.

O mundo desejado para os nossos filhos não é esse da grosseria, do uso da pessoa, do rebaixamento do nível de humanização nas relações interpessoais. O mundo a construir e a deixar para os nossos descendentes há que ser edificado sobre o respeito amoroso, cimentado por formas de convivência consensuais, dialogadas e afetuosas.

O passo dado pelo governo do estado, também sintonizado com os movimentos sociais que empunham a bandeira da igualdade de gêneros, guarda positiva relação com a criação das delegacias da mulher e de serviços especializados em assistência às mulheres vítimas de violência.

Assim sendo, instituir o feminicídio como a formalização do crime de gênero, vale destacar, é um avanço indiscutível, não apenas por facilitar registros, tratamento de dados e definições estratégicas. O valor maior está na opção ética, no simbolismo do ato, no ritual que celebra a humanização superando a barbárie.

Por isso tudo, esse bom avanço merece registro, merece relevo, por enaltecer as mulheres pernambucanas e brasileiras, a nossa Secretaria da Mulher, e, é claro, o nosso governador Paulo Câmara pela sensibilidade de pai de família, de cidadão e de líder antenado com um mundo diferente da herança patriarcal que recebemos.
Para esta deputada, ligada às questões de gênero e à luta pelos direitos humanos, é um alegre privilégio poder celebrar mais este incentivo e esta força à nossa caminhada em busca da humanização para todos. Homens e Mulheres.


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