GOVERNO Aliados de Temer vão pressionar para que denúncia seja devolvida a Dodge Raquel Dodge assumiu a chefia do Ministério Público nesta segunda-feira;. tentativa do governo é ganhar tempo para reorganizar a base no Congresso

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 19/09/2017 07:32 Atualizado em:

Dodge com Temer: aposta do Planalto é que o Supremo reencaminhe denúncia para a nova PGR. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Dodge com Temer: aposta do Planalto é que o Supremo reencaminhe denúncia para a nova PGR. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Visivelmente aliviados com a troca de comando no Ministério Público Federal e dispostos a questionar todos os atos do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, aliados do presidente Michel Temer vão pressionar para que a denúncia contra o peemedebista seja devolvida a Raquel Dodge. Além de reforçar o clima de perseguição, a estratégia é adiar o encaminhamento da acusação contra Temer por organização criminosa e obstrução de Justiça à Câmara, dando tempo para que os apoios para o arquivamento da nova denúncia sejam fechados.


Como Raquel Dodge não pedirá o processo de volta para evitar passar a imagem de que pretende obstruir as investigações da Lava-Jato, a aposta é de que os questionamentos feitos pelos advogados e a própria anulação de algumas provas decorrentes da revisão do acordo de delação da JBS levem o relator do processo no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, a reencaminhar a denúncia à PGR.

O pleno do STF decidirá amanhã se as provas decorrentes da delação dos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud podem ser consideradas legais para o andamento do processo. A pressão é para que o conjunto todo seja anulado, uma vez que o próprio Janot sugeriu que os executivos percam os benefícios por terem omitidos fatos no depoimento feito aos procuradores. A primeira carga contra a denúncia foi dada na última sexta-feira, quando os advogados Antônio Cláudio Mariz e Jorge Urbani Salomão alegaram que o procurador incluiu “fatos delituosos” anteriores ao mandato de Temer, “razão pela qual o chefe da Nação não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”.

Outros questionamentos poderão ser apresentados durante o julgamento. O próprio relator poderá reencaminhar o processo à PGR, caso entenda que há necessidades de novas diligências ou a oitiva de novas testemunhas. Isso já ocorreu, por exemplo, na denúncia feita contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por peculato e falsidade ideológica no episódio envolvendo o pagamento de pensão a Monica Veloso.

Para o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), a devolução do processo à PGR não seria uma questão de deferência do STF a Raquel Dodge, mas uma questão meramente processual. “Embora haja divergências de parte a parte, em um momento como esse, tanto o Ministério Público quanto o Judiciário vão se ater estritamente ao rito legal”, disse Miro.
“Novo tempo”

Presente à posse da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na manhã de ontem, o deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM) acredita que um “novo tempo de equilíbrio” começa a partir de agora na PGR. “Ela é muito dura contra a corrupção, mas ela vai atrás de provas. E, quando as encontra, é implacável. O mais importante é que atua com mais cautela”, comentou.

Entretanto, integrantes da equipe de Dodge acreditam que é pequena a possibilidade de ela pedir a denúncia para revisar. “É possível que o Supremo abra vistas pra ela para que o Ministério Público se manifeste de alguma forma, o que seria absolutamente normal. Mas ela pedir para alterar alguma coisa, eu não acredito. Até porque não é o momento de o MP se manifestar. A situação não exige um posicionamento. Ninguém mexe em trabalho de colega”, comenta um procurador.

O Planalto tenta manter distância, deixando a estratégia a cargo de aliados e da defesa. A justificativa é de que o governo está preparado para responder a denúncia porque é fraca “É claro que essa denúncia chega mais fraca por conta dessa briga entre os integrantes do próprio MP. Houve muita politização e é fundamental uma repactuação entre os procuradores”, defendeu o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP).



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