Relações Pacto de Cristovam 'para salvar Brasília' divide opiniões no meio político Articuladores do acordo evitam falar em nomes que poderiam liderar a disputa ao Buriti

Por: Helena Mader - Correio Braziliense

Publicado em: 10/08/2017 08:45 Atualizado em:

Cristovam: "Existem alianças oportunistas, para ganhar eleição, e alianças patrióticas, para salvar o país e a cidade". Foto: Ed Alves/CB
Cristovam: "Existem alianças oportunistas, para ganhar eleição, e alianças patrióticas, para salvar o país e a cidade". Foto: Ed Alves/CB


A proposta do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) de criar uma aliança ampla e sem vinculações partidárias “para salvar Brasília” repercutiu entre lideranças políticas e potenciais candidatos da cidade. A ideia dividiu opiniões. Em entrevista ao programa CB.Poder, do Correio Braziliense e da TV Brasília, o parlamentar defendeu que a cidade não deve ficar presa à “separação entre vermelhos e verdes”. “Existem alianças oportunistas, para ganhar eleição, e alianças patrióticas, para salvar o país e a cidade”, justificou Cristovam. O senador listou, entretanto, alguns requisitos para participar desse pacto: ter ficha limpa e um histórico de defesa da capital federal.
 
Para justificar a criação dessa aliança, o senador lembrou que Brasília protagonizou grandes escândalos recentes. “Tivemos muitos desastres do ponto de vista moral e ético, governadores presos, erros como a construção do estádio, propinas. Por isso, estou trabalhando para criar essa aliança para salvar Brasília”, explicou.

O senador listou algumas características de pessoas com capacidade para integrar esse grupo. “Tem que ser gente com o passado limpo, que não se submeterá a pressões sindicais e corporativas para ganhar as eleições. Esse foi o grande erro do Rodrigo Rollemberg, que assinou compromissos dizendo que faria coisas que não poderia fazer”, detalhou o parlamentar do PPS. “Tem que ser um candidato que assuma o risco de perder, mas que tenha discurso consistente e vida limpa”.

Questionado se o atual governador poderia compor essa aliança, Cristovam disse que é possível, mas destacou que o chefe do Executivo local não teria condições de ser o candidato ao governo novamente. “Acho muito difícil o Rodrigo Rollemberg ser o cabeça de chapa. Ele se desgastou muito, até pelas coisas boas que fez, como colocar ordem nas finanças. O governador não foi capaz de liderar um processo novo para Brasília”, justificou. Entre os possíveis nomes citados por Cristovam para compor esse pacto para salvar Brasília estão o ex-presidente do Tribunal de Contas da União Valmir Campelo (PPS), o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e o ex-deputado federal e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR). “Não podemos ficar presos a questões como ‘é do PT’, ou ‘é do Roriz’. É preciso analisar o perfil”.

Entre os articuladores da proposta, todos evitam falar em nomes para formar a chapa majoritária. O ex-senador e ex-ministro do TCU Valmir Campelo diz que o essencial é definir o perfil dos integrantes da coalizão. “Nossa meta é criar um grupo ficha limpa em Brasília, que seja comprometido com transparência e trabalho”, justifica. Sobre uma possível aliança com adversários históricos, Campelo garante que isso não seria um problema. Hoje, ele é correligionário de Cristovam Buarque — seu adversário nas eleições ao governo de 1994. “Brasília não quer eleger partidos, mas pessoas de bem. A questão partidária é secundária”, garante.

Jofran Frejat tem o mesmo posicionamento. “Acho a ideia muito boa e tenho conversado com pessoas de vários partidos, alguns que foram adversários em outras épocas. Adversário não é inimigo”, justifica Jofran. Segundo ele, nem a filiação ao PT seria um empecilho à formação da aliança. “Se a pessoa for correta e decente, não vejo por que não”, acrescenta.

Projeto

O presidente da Câmara, Joe Valle, também apoia a formação de uma aliança em defesa da cidade. “Acho viável e tenho dito que, mais do que candidatos, Brasília precisa de um projeto. Essa é a ideia: juntar pessoas em defesa de Brasília, de um projeto comum pela cidade”, justifica Joe Valle.

O presidente licenciado do PSB-DF, Marcos Dantas, um dos principais aliados de Rodrigo Rollemberg, diz que um eventual pacto em defesa da capital federal tem que passar pelo atual governador. “Essa solução inclui o atual governo, que está colocando a cidade no rumo certo e que enfrentou, por causa da crise, diversos problemas. Nossa gestão está fazendo alguns enfrentamentos que poucos fizeram, como a questão da grilagem e da regularização”, argumenta Dantas. “Acredito que o senador esteja colocando isso de forma precipitada. Historicamente, sempre estivemos no mesmo campo, de pessoas que pensam e fazem política de uma forma diferente, sem patrimonialismo. Ainda acredito que o senador Cristovam esteja nesse grupo”.

Já a presidente do PT-DF, deputada federal Érika Kokay, critica a proposta do senador do PPS. “Cristovam não tem autoridade para capitanear qualquer frente em defesa de Brasília. Ele votou a favor do teto dos gastos e tem se posicionado sistematicamente contra os direitos dos trabalhadores”, argumenta a petista.
 


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