Diario Editorial: Inflação em queda

Publicado em: 23/06/2017 14:42 Atualizado em:

A inflação continua em declínio. A tendência é que este mês registre deflação de 0,08%. Maio foi encerrado com índice de 0,31%. Manter o dragão sob controle é conquista importante para a sociedade e consolida o espaço para que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, faça uma redução mais forte na taxa básica de juros (Selic), na reunião de julho. Hoje, a taxa é de 10,25%. Em um cenário deflacionário, há condições para que o Copom diminua em um ponto percentual os juros, o que tornará mais barato o crédito e, assim, estimulará investimentos pelo setor produtivo.

Se, de um lado, as sucessivas quedas são benéficas e preservam o poder de compra dos trabalhadores, de outro, indica que o processo de recuperação da economia está muito lento, em ritmo insuficiente para deixar no passado a mais grave recessão enfrentada pelo país nos últimos anos. Investidores nacionais e estrangeiros continuam cautelosos e não investem o suficiente para erradicar o maior drama decorrente da crise econômica, que se arrasta desde 2014, o desemprego de 14 milhões de brasileiros.

Nos últimos três meses, a oferta de vagas vem crescendo. Em maio, foram abertas 32.253 oportunidades. O setor agropecuário foi o que criou mais postos. Embora os dados sejam alentadores, revelam-se pequenos diante da dramática situação enfrentada pelo enorme contingente de pessoas à margem do mercado de trabalho.

A falta de emprego e o endividamento das famílias são óbices ao consumo. Hoje, por mais que a inflação recue, os preços dos produtos ainda são considerados elevados pelos consumidores. A combinação entre desemprego e retração do consumo é obstáculo para a que economia volte a girar na velocidade necessária. Esses fatores impactam negativamente, inclusive, na arrecadação da União, estados e municípios. Menos dinheiro em caixa, menos investimentos estatais que abram oportunidades para as empresas e, na esteira, de vagas no mercado de trabalho.

Romper com esse círculo nada virtuoso é um dos grandes desafios colocados à equipe econômica do governo federal. Mas, igualmente, exige responsabilidade das forças políticas instaladas no Congresso Nacional.
Hoje, é fundamental separar crise política e dificuldades da economia. O parlamento precisa dar efetiva contribuição à superação dos obstáculos do momento com a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência Social e outras medidas defendidas pelo Ministério da Fazenda, a fim de criar as condições necessárias à reconquista da confiabilidade dos investidores nacionais e estrangeiros.

A estabilidade fiscal revela-se indispensável para a desejada retomada do desenvolvimento econômico. O embate entre forças ideológicas antagônicas em nada colabora para que o Brasil propicie esse encontro. Manter esse distanciamento é impedir o desenvolvimento de políticas públicas fundamentais para que o mercado abra oportunidades de emprego e tenha capacidade de investir na área social, extremamente importante para mitigar os efeitos da crise que castiga severamente os segmentos mais vulneráveis social e economicamente em um cenário recessivo.


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