Opinião Marcos Nóbrega : Caos na política: Brasil país do futuro (ou do futuro do pretérito) Marcos Nóbrega é prof. da Faculdade de Direito do Recife %u2013 UFPE e conselheiro substituto do TCE - PE

Publicado em: 26/05/2017 07:31 Atualizado em:

As notícias políticas dos últimos dias são devastadoras. Como todos sabem, os donos da JBS, em delação premiada, entregaram `a Procuradoria da República gravações onde o presidente Temer avalizaria a entrega de uma mesada ao ex deputado (e nunca ex bandido) Eduardo Cunha, fato esse que restou inconclusivo com a liberação das gravações. Nessa mesma delação, cita que o senador Aécio Neves solicitou dois milhões de reais ao grupo JBS para pretensamente pagar advogados com sua defesa na Lava-Jato.
Resta muito claro que não há condições políticas do presidente Temer continuar. O que seria menos traumático seria a sua renúncia, mas o presidente Temer nunca foi político de gestos largos e grandes pronunciamentos. Até agora ninguém sabe o que realmente pensa. Ninguém nunca ouviu qualquer ideia sobre economia ou desenvolvimento da boca dele. Isso porque ele não as tem.

O que é lamentável é que o Governo Temer, apesar de extremamente impopular, estava (milagrosamente) conseguindo avançar a agenda econômica no Congresso como há quase vinte anos não se via. Conseguiu aprovar a emenda do Teto, de importância para tentar resolver o caos econômico das finanças públicas, também deixou bem encaminhada a necessária reforma trabalhista e andava a passos largos para reformar o sistema previdenciário. Fez muito em apenas um ano de governo.

Resta perguntar em que mundo esse povo vive? Apesar da Operação Lava-Jato ter se mostrado implacável e todos terem visto o festival de terror das delações de canto a canto, continuaram a achacar empresários para pedir propina. Vejam que essa gravações foram feitas ainda esse ano, nos escombros do terremoto que soterrou o PT e todos os seus financiadores. Esse empresários, como Eike, os irmãos Batista, Odebrecht, e tantos outros tinham acesso livre ao Palácio do Planalto e se discutia propina e vantagens como se fosse mais um negociação empresarial. Como pode?

Outra coisa extraordinária é que esse povo pede propina de milhões como se tratasse de dois tostões quaisquer. A JBS deu mais de 300 milhões de reais declarados (caixa 1) para diversos políticos em 2014 (mais de 1800 segundo eles). Quanto não deu de caixa 2? Aécio Neves foi afastado do cargo e seu caminho provavelmente é fazer companhia aos amigos de Curitiba.

Se estamos no caos, qual a saída? Dória? Sinceramente não sei. Por enquanto vive na redoma e na zona de conforto em eventos de bacanas aqui e alhures. Tem que aparecer no Nordeste, mostrar ideias econômicas, mobilizar a juventude e dar esperança que saiamos de buraco. Não sei se tem tanta ideia assim. Essa conversa de gestão é importante, mas é pouco, muito pouco. Precisamos ter um projeto nacional, um projeto de Brasil grande, capaz e confiante.

O perigo dessa imensa desilusão na política e a viabilização de candidaturas extremistas (Bolsonaro) e os aventureiros de sempre (Ciro Gomes), nesse último caso, um verdadeiro gigolô de partido politico que já pousou e criou confusão em uma dezena de siglas. Sem falar na pior opção de todas que seria a volta de Lula, que legitimaria todos os conchavos feitos, prometendo a boia salvadora a todos os políticos. Esse será o grande mote de Lula no mundo político, uma espécie de “batida salve todos”.

Essa desilusão na politica é uma grande chance para em 2018 escolhermos melhor e acreditar que um novo ciclo de desenvolvimento pode ser retomado. Se o país chegar até 2018, é claro. Seremos mais uma vez o pais do futuro do pretérito?



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