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JBS Delatores indicam repasses a Eunício Oliveira, José Serra e Marta Suplicy

Publicado em: 22/05/2017 22:08 Atualizado em:

Os executivos do grupo JBS, que tiveram o acordo de delação premiada homologado na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contaram em depoimento como repassaram propina a senadores com o objetivo de obter vantagens na tramitação de medidas legislativas e benefícios econômicos. As acusações envolvem parlamentares do PMDB e PSDB, além do senador Delcídio do Amaral, que à época era do PT.

O atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), teria recebido R$ 5 milhões, de acordo com os delatores, para relatar uma medida provisória (MP) em nome da empresa. O diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F;,Ricardo Saud, afirmou em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) que em 2013 o parlamentar era relator de uma MP que tratava de créditos do PIS/Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Segundo ele, se o texto fosse aprovado da forma como estava, poderia prejudicar as propriedades da J&F;, holding controladora da JBS.

"Procuramos os ministérios da Fazenda, do Planejamento, procurei senadores para sensibilizá-los. Não teve jeito. Eu falei: 'Então só tem um jeito: fazer [pagar] propina'", disse Saud aos procuradores. Após conversa com Eunício Oliveira, ficou acertado o repasse de R$ 5 milhões que, segundo ele, foram pagos em "doações dissimuladas%u201D que %u201Cnada tinham a ver%u201D com contribuições eleitorais.

Já o ex-ministro das Relações Exteriores e atual senador, José Serra (PSDB-SP), teria recebido, de acordo com o presidente da JBS, Joesley Batista, R$ 20 milhões durante a campanha de 2010, quando foi candidato à Presidência, dos quais R$ 13 milhões em doação oficial ao PSDB.

%u201CEu achei que era tudo oficial. Agora recentemente, nos levantamentos, vimos nas auditorias internas que, dos R$ 20 milhões, R$ 6 milhões foram pagos com nota fria%u201D, afirmou, detalhando que o grupo do senador apresentou a comprovação como se a JBS tivesse comprado um camarote de um autódromo para uma corrida de Fórmula 1. %u201CTeve realmente esse camarote e essa corrida. Só não podia custar R$ 6 milhões, né?%u201D, contou Joesley. Segundo o delator, outra nota foi emitida no valor de R$ 420 mil, também na forma de pagamento extra-oficial.

Ainda segundo Joesley Batista, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) teria recebido R$ 500 mil durante sua campanha ao Senado e mais R$ 200 mil mensais por cerca de 15 meses durante a sua pré-campanha à prefeitura de São Paulo, em 2016. De acordo com o ele, do total de R$ 1 milhão repassados pela empresa em 2010, a metade foi em doação oficial e a outra metade "em dinheiro". O delator conta que "foi com muita insistência" que, em 2015, os empresários aceitaram contribuir com a parlamentar, já que "não temos nada a ver com [contribuição para campanha de] prefeitura".

As mesadas de R$ 200 mil foram pagas, de acordo com ele, por "um ano e pouco", por meio de "umas 15 parcelas". %u201CAté que eu desisti%u201D, revelou. Sobre os recursos em dinheiro, ele não soube dizer quem eram as pessoas responsáveis pelos repasses.

Então senador, cassado há um ano após ser preso pela Polícia Federal por obstrução à Justiça, Delcídio do Amaral teria recebido um "mensalinho" de R$ 500 mil por dez meses e mais R$ 5,3 milhões em notas frias. As acusações contra o agora ex-senador sem partido foram feitas por Ricardo Saud.



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