Opinião Ary Avellar Diniz: Monarquia versus República Ary Avellar Diniz é diretor do Colégio Boa Viagem e da Faculdade Pernambucana de Saúde

Publicado em: 27/03/2017 06:54 Atualizado em:

De tempos em tempos, veem-se alguns brasileiros se posicionarem em favor da Monarquia como forma de governo, a exemplo de Machado de Assis, Ariano Suassuna e outros contrários ao Regime Republicano.

Dom Pedro II, aos 14 anos, assumiu o trono do Império, de fato e de direito, no ano de 1840, reinando até 1889. Decisões tomadas que lhe valeram prestígio e liderança no país foram a debelação dos revoltosos regionais e o apaziguamento entre conservadores e liberais. Destacava-se o imperador não só pelos seus 1,91m de altura, barbas alongadas e respeitosas e olhar penetrante, mas também pelos dotes intelectuais, como falar 23 idiomas, dos quais, 17 de modo fluente.

Os dois regimes brasileiros citados têm-se diferenciado em função de diversos aspectos.

A Monarquia, em 1880, mantinha o Brasil na posição de 4.ª economia do mundo. Nos dias atuais, ela oscila entre o 7.º e o 8.º lugar.

No mesmo ano de 1880, o governo adotava 14 impostos, comparados aos 92 do presente governo, em face de uma economia que crescia 8,81%. Nos dias atuais, o crescimento econômico é abaixo de zero.

A inflação daquela época alcançava 1,08 a.a., enquanto, hoje, o patamar é de 4,5%.

A moeda brasileira, em 1880, tinha o mesmo valor do dólar e da libra esterlina. A moeda norte-americana, no câmbio atual, vale três vezes o real.

A segunda maior e melhor Marinha do mundo, em 1890, pertencia ao Brasil, perdendo apenas para a Inglaterra.

No período de 1860 a 1889, o Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo do mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e visuais. A República brasileira tenta, até hoje, melhorar a produtividade do ensino nacional.

O melhor transporte de cargas é, sem dúvida, o ferroviário. Em 1880, o Brasil foi considerado o maior construtor de estradas de ferro do mundo, com mais de 26 mil quilômetros. A Transnordestina é só promessa. Sua conclusão está demoradíssima.

Informação para os professores estaduais em greve geral (março de 2017): o salário do ensino fundamental, em 1860, alcançaria R$ 8.958,00 em moeda corrente.

Apenas para fazer um paralelo com os dias atuais — a primeira grande favela na cidade do Rio de Janeiro data de 1893, quatro anos após a proclamação da República.

Dom Pedro II doava seus salários para instituições de caridade e como incentivos destinados às ciências e às artes. Sem comentários em relação ao que tem acontecido com os atuais mandatários do país, em se tratando de recursos financeiros.

O leitor, acredito, tem condições de emitir parecer sobre qual o regime de governo ideal para o Brasil, embora o povo brasileiro penda intrinsecamente para o perfil de tendências republicanas. E, pergunta oportuna que de fato causa preocupação: Quem seria o Rei do Brasil?! O príncipe de Orléans e Bragança prefere o dia a dia em seu “dolce far niente”.

Mas, de tudo isso, há uma lição a se tirar: o Brasil aceitaria, de bom grado, possuir um político e gestor nos moldes do imperador Dom Pedro II: sério, honesto, ético e possuidor de um verdadeiro amor ao Brasil, seguindo sempre os princípios de bem servir à Pátria, e não fazer com que ela sirva aos próprios interesses e dos agregados.

Respeito, mais que nunca, as pertinentes e proféticas palavras de Machado de Assis: “Quanto às minhas opiniões públicas, tenho duas, uma impossível, outra realizada. A impossível é a república de Platão. A realizada é o sistema representativo. É sobretudo como brasileiro que me agrada esta última opinião, e eu peço aos deuses (também creio nos deuses) que afastem do Brasil o sistema republicano, porque esse dia seria o do nascimento da mais insolente aristocracia que o sol jamais alumiou” (“À opinião pública”, crônica de 05/03/1867).

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