Indefinição Base de Temer avalia que Dilma não retornará. Petistas têm esperança O placar de 55 votos favoráveis à abertura do impeachment foi visto de maneira positiva tanto pela oposição quanto pelos governistas

Publicado em: 13/05/2016 07:40 Atualizado em: 13/05/2016 07:46

O placar de 55 votos favoráveis à abertura do processo de impeachment da presidente Dilma no Senado Federal, encerrada na manhã de ontem, foi visto de maneira positiva tanto pela oposição quanto por parlamentares dilmistas.

Enquanto senadores favoráveis ao afastamento comemoraram o número maior que dois terços, petistas acreditam que, na segunda votação, é possível reverter dois desses votos. Para o ex-líder do governo no Senado Humberto Costa (PT-PE), o afastamento não é uma despedida, é um até logo. “Muito em breve nos estaremos de volta”, afirmou.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) comentou que muitos parlamentares votaram pela admissibilidade do processo, mas não têm posição formada em relação ao mérito, e a decisão pode ser alterada nos próximos meses. “Com o governo Temer em crise — porque acho que o governo Temer vai ser de crise — haverá uma desconfiança por parte da população. Nós perdemos uma batalha, mas a guerra ainda não acabou.”

Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG) acredita que o número é uma sinalização positiva para o novo governo para que ele não assuma como temporário. “Espero que o vice-presidente Michel Temer possa constituir o seu governo e as medidas que vão orientá-lo da melhor forma possível para que o Brasil perceba que há uma nova fase se iniciando. O governo precisa assumir e, mais do que isso, apresentar ao Congresso um conjunto de propostas e de reformas que possibilitem o início desse novo tempo”, comentou Aécio.

Para o líder do Democratas, senador Ronaldo Caiado (GO), o número é importante, mas o agora presidente Michel Temer precisa assumir sem a preocupação de fazer acordos. “Ele não tem que estar preocupado em ficar paparicando políticos ou partidos. Tem que, neste momento, ter sintonia com a população, falar com o povo brasileiro e mostrar que está cumprindo aquilo que o povo deseja”, afirmou Caiado.

Maratona
A sessão que definiu a abertura do processo e consequente afastamento temporário da presidente Dilma durou mais de 20 horas. Agora, a oposição precisa manter o mínimo de 54 votos para afastar Dilma definitivamente. O resultado da votação do processo de impeachment foi proclamado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), às 6h48. Em seguida, Renan leu o texto do mandado de intimação de afastamento temporário que foi entregue à petista pelo primeiro-secretário do Senado, Vicentinho Alves (PR-TO). Renan não votou e dois senadores se ausentaram, por licença médica: Jader Barbalho (PMDB-PA) e Eduardo Braga (PMDB-AM). Dilma é acusada de editar decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar verba de bancos federais em programas do Tesouro, as chamadas “pedaladas fiscais”.

“Espero que o vice-presidente Michel Temer possa constituir o seu governo e as medidas que vão orientá-lo da melhor forma possível, para que o Brasil perceba que há uma nova fase se iniciando”, disse o senador Aécio Neves.

Voto a voto
Depois de uma sessão que durou 20 horas, os senadores aprovaram, por 55 votos a favor e 22 contra, o afastamento da presidente Dilma Rousseff. O processo começou a ser analisado às 10h de quarta-feira. Dos 81 parlamentares, apenas Eduardo Braga (PMDB/PA), que está de licença médica, Delcídio do Amaral (sem partido/MS), que foi cassado, e Jader Barbalho (PMDB/PA), que está internado para tratamento de um câncer, ficaram de fora da votação.

A favor do impeachment
Gladson Cameli/PP-AC
Sérgio Petecão/PSD-AC
Benedito de Lira/PP-AL
Fernando Collor PTC – AL
Davi Alcolumbre/DEM-AP
Omar Aziz/PSD-AM
Eunício Oliveira/PMDB-CE
Tasso Jereissati/PSDB-CE
Cristovam Buarque/PPS-DF
Hélio José/PMDB-DF
Reguffe/s/sigla-DF
Magno Malta/PR-ES
Ricardo Ferraço/PSDB-ES
Rose de Freitas/PMDB-ES
Lúcia Vânia/PSB-GO
Ronaldo Caiado/DEM-GO
Wilder Morais/PP-GO
Edison Lobão/PMDB-MA
Roberto Rocha/PSB-MA
Blairo Maggi/PR-MT
José Medeiros/PSD-MT
Wellington Fagundes/PR-MT
Simone Tebet/PMDB-MS
Waldemir Moka/PMDB-MS
Aécio Neves/PSDB-MG
Antonio Anastasia/PSDB-MG
Zeze Perrella/PTB-MG
Flexa Ribeiro/PSDB-PA
Cássio Cunha Lima/PSDB-PB
José Maranhão/PMDB-PB
Raimundo Lira/PMDB-PB
Alvaro Dias/PV-PR
Fernando Bezerra Coelho/PSB-PE
Ciro Nogueira/PP-PI
Marcelo Crivella/PRB-RJ
Romário/PSB-RJ
Garibaldi Alves Filho/PMDB-RN
José Agripino/DEM-RN
Ana Amélia/PP-RS
Lasier Martins/PDT-RS
 Acir Gurgacz/PDT-RO
Ivo Cassol/PP-RO
Ivo Cassol/PP-RO
Valdir Raupp/PMDB-RO
Romero Jucá/PMDB-RR
Dalirio Beber/PSDB-SC
Dário Berger/PMDB-SC
Paulo Bauer/PSDB-SC
Aloysio Nunes Ferreira/PSDB-SP
José Serra/PSDB-SP
Marta Suplicy/PMDB-SP
Antonio Carlos Valadares/PSB-SE
Eduardo Amorim/PSC-SE
Maria do Carmo Alves/DEM-SE
Ataídes Oliveira/PSDB-TO
Vicentinho Alves/PR-TO

Contra o impeachment
Jorge Viana/PT-AC
João Capiberibe/PSB-AP
Randolfe Rodrigues/REDE-AP
Vanessa Grazziotin/PCdoB-AM
Lídice da Mata/PSB-BA
Otto Alencar/PSD-BA
Walter Pinheiro/s/sigla-BA
José Pimentel/PT-CE
João Alberto Souza/PMDB-MA
Paulo Rocha/PT-PA
Gleisi Hoffmann/PT-PR
Roberto Requião/PMDB-PR
Armando Monteiro/PTB-PE
Humberto Costa/PT-PE
Elmano Férrer/PTB-PI
Regina Sousa/PT-PI
Lindbergh Farias/PT-RJ
Fátima Bezerra/PT-RN
Paulo Paim/PT-RS
Angela Portela/PT-RR
Telmário Mota/PDT-RR
Donizeti Nogueira/PT-TO

Ausências
Eduardo Braga/PMDB-AM
Jader Barbalho/PMDB-PA

Não votou
Renan Calheiros/PMDB-AL

Cassado
O senador Delcídio do Amaral, que perdeu o mandato na noite anterior à votação, não votou e nem o suplente, que ainda não assumiu


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