Reação
Discurso de Temer é visto com ceticismo por economistas
Nova equipe econômica tem habilidade de negociação e apoio político, mas precisa mostrar medidas concretas para não perder credibilidade
Por: Correio Braziliense
Publicado em: 13/05/2016 07:46 Atualizado em: 13/05/2016 07:51
Para Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, o governo não pode permitir um deficit como meta fiscal. Foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press |
Os economistas viram com ceticismo o discurso de posse do presidente em exercício Michel Temer. Para os especialistas, é preciso avançar muito e mostrar medidas concretas sob o risco de ver a confiança depositada no governo de transição se esvair com o tempo. Eles admitem, contudo, que a nova equipe econômica tem mais habilidade de negociação e apoio no Congresso, o que deve atenuar conflitos.
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Na opinião do economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central, é preocupante o novo governo permitir um deficit como meta fiscal. “É importante perseguir um saldo positivo”, criticou. Para ele, é essencial reduzir as despesas. O congelamento dos benefícios e salários de servidores poderia gerar uma redução economia de R$ 40 bilhões por ano, sugeriu. Porém, Jucá avisou que o novo governo respeitará os acordos feitos pela gestão anterior. “Vamos esperar e ver o que eles devem fazer para incrementar a receita”, disse Freitas.
Nomes investigados
Os especialistas também têm ressalvas sobre os nomes escolhidos para os ministérios, apesar de considerarem a equipe econômica boa. “Temer enfrentará vários obstáculos nos próximos meses que podem tornar a vida mais difícil no Congresso e com a opinião pública”, avisou o diretor para a América Latina do Eurasia Group, João Augusto de Castro Neves. Segundo ele, além da escolha de ministros que estão sendo investigados na Lava-Jato, como Jucá e Henrique Eduardo Alves (Turismo), a falta de minorias, como mulheres, também “são passivos que devem crescer com o tempo”.
Neves ainda lembrou que as lutas internas dentro do gabinete não estão descartadas, principalmente entre os ministros José Serra (Relações Exteriores) e Meirelles. “Apesar de estar à vontade no comando da política externa, Serra tem mostrado fortes opiniões sobre a gestão macroeconômica e a escolha do novo presidente do Banco Central. Isso poderá gerar conflito”, alertou.
Fernando Montero, economista-chefe da Tullet Prebon Brasil, demonstrou otimismo com o governo de Temer. Para ele, os técnicos são unanimidades e a fatia de políticos poderá ajudar na governabilidade perdida por Dilma. “O Congresso colocou o Temer no governo e Temer colocará o Congresso no governo. Quem sabe dá certo.
Boa expectativa na Febraban
Para o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, Michel Temer assume o governo de transição em momento difícil, mas acompanhado de expectativas positivas. “A Febraban manifesta seu apoio aos novos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Romero Jucá”, afirmou. Para ele, Meirelles demonstra comprometimento em “recuperar a disciplina fiscal e a sustentabilidade da dívida pública e de manter a inflação baixa e estável como condições para o crescimento do país”. E Jucá “garantirá articulação do apoio político essencial à aprovação das medidas”.
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