Defesa Advogado de lobista diz que dono de refinaria não é motorista dele

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 13/02/2016 14:50 Atualizado em:

O advogado do lobista João Augusto Henriques, que transferiu 1,3 milhão de francos para uma conta na Suíça do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ao Correio que seu cliente não tem o dono de uma refinaria como seu motorista particular. Como mostrou o jornal neste sábado (13/2), o economista Felipe Diniz afirmou à Procuradoria Geral da República (PGR) que Ângelo Tadeu Lauria, que comprou a refinaria de Manguinhos, é motorista de Henriques.

 

A empresa já foi defendida por Eduardo Cunha em 2009. O parlamentar é investigado no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, fruto das apurações da Operação Lava-Jato. As declarações foram prestadas em um dos inquéritos contra o presidente da Câmara.

O advogado José Cláudio Barboza Júnior disse que Lauria não é motorista Henriques e os dois não têm “nenhum vínculo de negócios”. “Sei que são conhecidos, mas não possuem nenhum negócio em conjunto. Desconheço qualquer participação do sr. João Henriques em negócios - formais ou não - do sr. Lauria”, afirmou ele, em mensagem ao Correio.

Ele disse desconhecer “qualquer ilação” de que o hoje dono da refinaria transportasse dinheiro para lobista, conforme o próprio Henriques afirmou em 2013, em uma conversa gravada pela revista Época. Barboza Júnior garantiu que o lobista não tem “nenhuma relação” com Manguinhos.

Em janeiro, o Correio mostrou que Lauria e Henriques, preso em Curitiba, respondem a duas ações judiciais por dívidas fiscais da empresa de pescados Blue Deep, em Guaratinguetá (SP). No entanto, o lobista não sabe o motivo disso. “Conversei com o sr. João Henriques, que afirmou desconhecer tais ações”, contou Barboza Júnior à reportagem na mensagem.

Felipe Diniz é filho do falecido deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), que indicou o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, preso na Lava-Jato e ligado a Henriques. O ex-dirigente e o lobista já foram condenados por corrupção pelo juiz do caso no Paraná, Sérgio Moro.

De acordo com Henriques, foi o economista quem indicou a conta de Cunha para que fossem depositados 1,3 milhão de francos suíços em 2011. Felipe Diniz nega. Já Cunha disse acreditar que o dinheiro se refira a uma dívida de US$ 1,5 milhão que tinha a receber de Fernando Diniz. A suspeita da PGR e da Polícia Federal é que os valores se refiram a propinas.

Henriques fez os pagamentos a Cunha e a pessoas que chama de “amigos” que lhe davam “dicas” enquanto recebia uma comissão total de US$ 20 milhões por intermediar um negócio entre a Petrobras e a Lusitânia Petroleum, do português Idalécio de Oliveira. Na operação, a estatal comprou metade de um poço petrolífero em Benin, na África. Pagou US$ 66 milhões e não encontrou uma gota de óleo.

Lauria e a refinaria de Manguinhos não prestaram esclarecimentos ao jornal. Eduardo Cunha disse que não comenta o assunto.



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