Alternativa Dilma tem "plano B" para cargo de procurador-geral fora da lista tríplice

Publicado em: 03/08/2015 09:57 Atualizado em:

Os procuradores da República vão às urnas na quarta-feira para definir a lista com os três candidatos mais bem votados pelo Ministério Público ao cargo de procurador-geral da República. Embora o cenário previsto pelo governo seja de que o atual chefe da carreira, Rodrigo Janot, irá encabeçar a lista tríplice, o Planalto já trabalha com um "plano B" no caso de a recondução do procurador-geral ser barrada pelos senadores.

Interlocutores da presidente Dilma Rousseff adiantam que ela não nomeará, nesta hipótese, nenhum outro nome da lista tríplice. Segundo um ministro próximo à petista, a avaliação sobre eventual rejeição a Janot é de que a lista já estará "descaracterizada" caso o primeiro nome seja barrado pelos parlamentares, abrindo espaço para a indicação de um procurador que não teve o respaldo da categoria em eleições. Soam como nomes simpáticos ao Planalto o de alguns subprocuradores, como a vice de Janot, Ela Wiecko, e o vice-procurador-geral eleitoral Eugênio Aragão.

Para o governo, Janot será o candidato mais bem votado na quarta-feira. Embora não haja uma exigência, desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT tem convencionado escolher o primeiro nome da lista apresentada pelo Ministério Público ao Executivo. Mas interlocutores do governo disseram ao jornal "O Estado de S. Paulo" que Dilma tende a indicar Janot mesmo se ele não for o primeiro colocado.

Depois de passar pelo crivo da categoria, o escolhido deve ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e passar em votação secreta no plenário da Casa. O Planalto reconhece a resistência de senadores a aprovar mais um mandato de Janot.

Lava-Jato

O atual procurador-geral da República pediu em março abertura de inquérito contra 13 senadores no âmbito da Operação Lava-Jato, que apura corrupção na Petrobras e, agora, avança sobre suspeitas no setor elétrico. Desde a Operação Politeia - parte da Lava-Jato -, deflagrada em meados de junho, na qual a Polícia Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República, realizou buscas e apreensões nas residências e escritórios ligados a três senadores, a hostilidade ao nome de Janot cresceu. Com isso, o governo trabalha com o "plano B" no caso de rejeição a Janot pelo Senado.

Senadores do PMDB, maior bancada da Casa, já levantam a tese de que a lista tríplice formada pelos procuradores não é válida. Para evitar serem taxados como os responsáveis por impedir a recondução de Janot por mera retaliação, justificam, de antemão, que a seleção interna da carreira não está prevista na Constituição.

Até o fim do seu mandato, em 18 de setembro, o procurador-geral da República deve oferecer denúncia contra parte dos políticos investigados, o que abrirá mais uma frente de oposição política. Investigadores ligados ao caso apontam, por exemplo, que as apurações sobre os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI) estão avançadas.

Por outro lado, pode contar a favor de Janot o fato de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda não deve figurar entre os primeiros denunciados pela Procuradoria. O Executivo tem se fiado nisso para contar com possível aprovação do atual procurador-geral. O governo acompanha com atenção as discussões.

Concorrentes


Além de Janot, concorrem ao cargo os subprocuradores da República Carlos Frederico Santos, Mario Bonsaglia e Raquel Dodge. Entre eles, Mario Bonsaglia é visto como o mais alinhado ao atual procurador-geral. A vice-procuradora-geral da República Ela Wiecko, e o vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão são nomes considerados respeitados pela categoria para a vaga. Ela já concorreu seis vezes à vaga, tendo recebido 457 votos na última eleição - 54 a menos do que Janot, o primeiro colocado.

Aragão foi responsável pela atuação do Ministério Público Eleitoral no Tribunal Superior Eleitoral durante o processo eleitoral de 2014 e é visto com bons olhos por parte do PT.

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