Lava-Jato Advogado de Pedro Corrêa alega "tortura psicológica"

Por: João Vitor Pascoal - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/04/2015 08:30 Atualizado em:

Preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, desde a última segunda-feira, o ex-deputado Pedro Corrêa deve prestar depoimentos entre o fim desta semana e o início da próxima e, de acordo com o seu advogado, não deve recorrer à delação premiada “sob hipótese alguma”. “Só delata quem tem culpa. Pedro não tem culpa”, afirmou ao Diario, Michel Saliba, responsável pela defesa do ex-parlamentar. Saliba ainda fez uma analogia entre a estratégia adotada pela investigação com os métodos aplicados na época da ditadura militar.“Prisão preventiva para forçar a delação lembra os porões do regime militar. Antes a tortura era física, agora é psicológica”, acrescentou.

Ainda de acordo com o defensor, não há razão para que Corrêa esteja preso preventivamente. “A prisão preventiva não deve ser regra, e sim, excessão”. Para fortalecer o argumento, Saliba comparou a Lava-Jato ao mensalão - pelo qual Corrêa cumpre 7 anos e dois meses de prisão. “No caso do mensalão, ele permaneceu respondendo o processo por pouco mais de 6 anos e mesmo assim não houve prisão preventiva. Ele foi condenado para cumprir pena no cárcere”.

Por enquanto, Corrêa segue sem previsão para retornar ao Presídio de Canhotinho. De acordo com Saliba, nem mesmo a realização do depoimento garante a volta do ex-parlamentar a Pernambuco. O advogado contou que o ex-deputado só volta a cumprir a pena no estado caso o pedido de prisão preventiva seja revogado ou se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso entender que ele não representa riscos para o decorrer das investigações. “Levando em consideração a idade dele, os problemas de saúde, ele pode entender que não há necessidade da prisão preventiva”, explicou.

Ex-funcionário

O defensor explicou ainda que o depoimento de Jonas Aurélio de Lima Leite, um ex-funcionário da fazenda de Pedro Corrêa, localizada em Brejo da Madre de Deus, que guardava uma pasta com comprovantes que seriam de compra de votos realizadas pelo ex-deputado, não muda em nada a estratégia da defesa.

Saliba explicou que ainda não teve acesso ao depoimento completo do ex-funcionário, mas apontou que essa questão deve ser julgada pela Justiça Eleitoral, caso entendesse que houve crime eleitoral. “Não muda (estratégia da defesa) em absolutamente nada. Soube do depoimento pela imprensa. Na quinta-feira, abrimos a chave para termos acesso ao depoimento”, explicou.



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