Por: Júlia Schiaffarino
Publicado em: 27/02/2015 18:55 Atualizado em:
De mudança para a Prefeitura do Recife, a vereadora Aline Mariano (PSDB) concedeu uma coletiva nesta sexta-feira (27) para explicar os motivos pelos quais aceitou o convite para assumir a secretaria de Enfrentamento ao Crack. “O cenário político mudou completamente e o PSDB apoiou Paulo Câmara. A gente já colabora com quatro secretarias e uma autarquia. Todos os meus companheiros subiram no palanque de Geraldo Julio para valorizar o apoio dele a Aécio Neves. Eu aceitar o convite seria incoerência?”, declarou.
Aline Mariano disse, ainda, estar tranquila de que o PSB não deverá retomar alianças com o PT e isso teria influenciado na hora dela dizer sim ao prefeito Geraldo Julio. “Não tinha a menor possibilidade de eu aceitar o convite enquanto estava na oposição e o PSB tinha aproximação com o PT. Mas o cenário político mudou…. O ambiente para o PT voltar com o PSB é complicado. Nossa aliança (PSDB) tem mais futuro”. Além da pasta na prefeitura, que será comandada por Aline, os tucanos têm as rédeas do Porto do Recife e das secretarias estaduais de Justiça e Direitos Humanos e de Trabalho e Qualificação Social e da Junta Comercial de Pernambuco.
O convite de Geraldo Julio para o ingresso da Aline Mariano na gestão foi feito diretamente à ela, sem intermédio do partido. Isso teria gerado estremecimentos nas relações dela com a direção tucana na capital do estado. Na quarta-feira o presidente do PSDB no Recife, André Régis, divulgou uma nota na qual afirma que o partido irá defender candidatura própria à prefeitura em 2016. “Achei isso estranho. Percebo que o partido quis demarcar posição porque entenderam como um convite pessoal. A gente poderia ter feito esse debate na municipal, mas não houve convocação”, falou a vereadora durante a coletiva.
Secretaria
Nas conversas que manteve com Geraldo Julio, Aline Mariano disse que não aceitaria uma secretaria com baixo orçamento. O receio era não conseguir mostra resultados e perder a visibilidade que alcançou na Câmara Municipal. Chegou a encomendar uma pesquisa em outras capitais e depois apresentou como número ideal R$ 35 milhões ao ano. Conseguiu R$ 34 milhões. Dinheiro oriundo do caixa do Executivo. Agora ela quer conseguir um fundo para a pasta fora do orçamento. Ela não soube responder, porém, de onde esse dinheiro seria relocado.
Dentro do modelo pensado por ela para a pasta será instituída uma secretaria executiva responsável apenas por captação recursos. Aline Mariano também quer, tão logo assuma, ir à Brasília conversar com o Ministro da Justiça para pedir apoio às ações da secretaria. A posse dela está prevista para ocorrer na próxima segunda-feira (3). No lugar de Aline Mariano assume o suplente Wanderson Florêncio (PSDB). Ele esteve presente na coletiva de imprensa e anunciou que irá compor a bancada de governo. “Entendo que Geraldo Julio está fazendo um governo que está mudando o Recife e queremos ajudar ele. Quero ser um aliado de primeira hora”, falou.
Apesar ter confirmado o nome apenas na noite anterior, Aline Mariano apresentou dados e propostas de ação durante a coletiva. Uma delas é fortalecer o trabalho com igrejas, Organizações Não Governamentais e outras instituições que ofereçam tratamento à dependentes químicos. Ela pontou, também, a necessidade de criação de um centro de tratamento pela prefeitura. Uma das possibilidades estudadas é o uso de algum imóvel já existente.
“Vamos trabalhar em cima de três eixos: prevenção, tratamento e ressocialização”, explicou durante a apresentação. Outra ação que deverá estar entre as primeiras da lista, após a estruturação da secretaria é fazer uma pesquisa para identificar a demanda da capital. Os números atuais são do estado e Região Metropolitana, apenas. Conforme estudos da Fiocruz. 38,7% dos usuários de crack estão no Nordeste.
