Avião que transportava Eduardo Campos e mais seis pessoas caiu em Santos, litoral de São Paulo, no dia 13 de agosto. Foto: José Patrício/ Estadão Conteúdo

A Aeronáutica apresentou, na tarde desta segunda-feira (26), o relatório sobre a investigação do acidente aéreo que matou o ex-governador Eduardo Campos e mais seis pessoas em agosto do ano passado. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), de Brasília, descartou que o acidente tenha sido provocado por colisões com aves, veículos não tripulados (vants) no ar e outros objetos. Outra conclusão da investigação é que não houve incêndio na aeronave antes da queda.

Segundo o tenente-coronel Raul de Souza, que coordenou as investigações, os destroços evidenciam que o trem de pouso da aeronave estava recolhido no momento da queda. Além disso, as evidências apontam que a aeronave não caiu de cabeça para baixo, como já foi cogitado. A investigação aponta que avião estava com uma inclinação de 38 graus negativos no momento do pouso, enquanto o correto seria que a aeronave estivesse inclinada entre 3 e 3,5 graus. A Aeronáutica, porém, não explicou o motivo da inclinação.

Ainda de acordo com o tenente-coronel Raul de Souza, o piloto e o co-piloto não possuíam uma habilitação específica para pilotar a aeronave que caiu. Os dois pilotos, na data do acidente, possuiam a habilitação para Cessna 560, e não Cessna 560 XL2b, que era o modelo do avião acidentado.

As investigações preliminares indicam não haver indícios de falha técnica no avião, que caiu no dia 13 de agosto do ano passado no bairro do Boqueirão, em Santos, no litoral de São Paulo, matando 7 pessoas. A partir de agora a ênfase será dada na análise de fatores humanos e operacionais.

O investigador encarregado, tenente coronel Raul de Souza, evitou falar em falha humana. Admitiu que o tanto piloto Marcos Martins quanto copiloto Geraldo Magela Barbosa não tinham a proficiência requisitada. Ele, no entanto, disse ser necessária avaliar o quanto essa deficiência foi determinante para o acidente. Mesmo assim, o Cenipa recomendou que a Agência Nacional de Aviação Civil verifique se as tripulações habilitadas para voar o modelo modelo Cessna 560 XLS+ no Brasil tenham recebido o devido treinamento. "Cabe à Anac adotar os procedimentos para eliminar qualquer condição de risco", disse.

Em entrevista coletiva nesta tarde, os investigadores revelaram que o piloto tinha condições de efetuar a aterrissagem na manhã do acidente, apesar das condições climáticas. O piloto, no entanto, fez uma aproximação no Aeródromo de Santos diferente do recomendado. As investigações não indicam falha técnica na aeronave.

As informações coletadas pelo Cenipa ainda não são conclusisas. O tenente-coronel Raul de Souza explicou que, a partir de agora, o trabalho da Aeronáutica consistirá na análise de todos os dados coletados até o momento. "Ainda estamos entrando nessa fase de análise para chegarmos às conclusões. Nós ainda vamos interpetar esses dados para a gente tentar chegar ao momento que a gente diga: 'sim, isso contribuiu' ou 'não, isso não contribuiu'", afirmou o chefe da Cenipa, o brigadeiro do Ar Dilton José Shuck.

Segundo o Cenipa, a investigação não visa apontar culpados, mas identificar as causas do acidente e fazer recomendações.

Repercussão

Por meio de nota, os familiares das seis vítimas do acidente aéreo e a família de Eduardo Campos, por seu advogado, esclarece que apenas se pronunciará a respeito do assunto após a conclusão de todas as investigações atualmente em curso.

O irmão do ex-governador Eduardo Campos, o escritor e advogado Antônio Campos também disse, por meio de nota, que não se pronunciará sobre o relatário do Cenipa divulgado nesta segunda-feira. Ele disse que só se pronunciaria após a divulgação oficial das conclusões dos inquéritos civil e criminal. Antônio Campos afirmou também que só comentará sobre as informações do Cenipa depois de ter acesso completo ao relatório e das investigações do Cenipa.

A direção nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) reitera nota divulgada no último dia 16, na qual informa que está acompanhando com toda a atenção as investigações promovidas pela Aeronáutica e pela Polícia Federal para apurar as causas do desastre aéreo, esperando que seja feito com todo o rigor técnico. O partido informou ainda que não fará qualquer pronunciamento sobre notícias que tenham sido ou venham a ser veiculadas trazendo supostas conclusões ou mesmo análises parciais dos fatos, aguardando a divulgação dos laudos oficiais pelas instituições encarregadas das apurações.

Com informações de agências e da Globonews