GUERRA
Ucrânia recusa ceder territórios a Rússia em seu plano de vitória
Para presidente ucraniano, o país e os seus aliados devem forçar a Rússia a participar de uma cúpula de paz e estar pronta para acabar com a guerra
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 16/10/2024 13:53
Foto: MANDEL NGAN/AFP |
Nesta quarta-feira (16), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou aos deputados do parlamento do país para apresentar o seu plano de vitória, e reiterou a sua recusa em ceder território à Rússia e mudar as fronteiras do país como forma de acabar com o conflito, ou ainda concordar com uma paralisação na linha de frente.
"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um 'congelamento' da frente. Não pode haver qualquer troca relativa ao território ucraniano ou à sua soberania", assegurou, acrescentando que o seu plano foi preparado para os ucranianos.
Após já ter abordado o documento com alguns dos principais aliados do Ocidente, Zelensky agora tem o objetivo de convencer os deputados a ajudá-lo a pôr em prática as medidas delineadas e derrotar a Rússia.
A apresentação ocorre na véspera de Zelensky ir a Bruxelas para participar, como convidado, da reunião do Conselho Europeu, que acontece na quinta e sexta-feira, onde mostrará os detalhes do plano a todos os membros do bloco europeu.
Para Zelensky, a Ucrânia e os seus aliados devem forçar a Rússia a participar de uma cúpula de paz e estar pronta para acabar com a guerra. Também sugeriu a introdução de meios de dissuasão não nucleares no seu país. "A Ucrânia propõe a instalação no seu território de um conjunto completo de medidas estratégicas de dissuasão não nucleares, que serão suficientes para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar russa", defendeu, especificando que este ponto foi detalhado num "anexo secreto" do seu plano de vitória apresentado aos Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália e Alemanha.
O líder ucraniano ainda acusou a China, a Coreia do Norte e o Irã no esforço de guerra à Moscou, classificando o grupo como ‘uma coligação de criminosos’, dirigida pelo presidente russo, Vladimir Putin. "Todos vêem a ajuda que o regime iraniano dá a Putin. O mesmo se aplica à cooperação da China com a Rússia. E a ultima aquisição foi a Coreia do Norte”, disse.
Além disso, o presidente da Ucrânia instou mais uma vez os países ocidentais a acabar com as restrições ao uso de armas de longo alcance contra a Rússia e em todo o território da Ucrânia ocupado pelos russos, assim como a continuar a ajuda para reforçar o equipamento das brigadas de reserva das forças armadas ucranianas.
Zelensky também desafiou os seus aliados ocidentais a convidarem Kiev a aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte, como parte do seu "plano de vitória" para pôr fim à guerra. "O primeiro ponto é um convite imediato para a OTAN. De agora em diante, Putin tem de perceber que os seus cálculos geopolíticos fracassaram", apontou.
A entrada na OTAN significaria que a Ucrânia passaria a fazer parte do pacto de defesa mútua da aliança militar liderada pelos EUA, que determina que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos. Mas, mesmo assim, o processo de adesão pode levar anos. Zelensky já tinha avançado, nas últimas semanas, que um convite antecipado para integrar a organização faz parte do seu "plano de vitória", argumentando que precisa entrar na aliança militar para se proteger contra qualquer futura agressão russa.
A OTAN já admitiu que a Ucrânia vai se juntar à organização, no entanto avisou que só poderá aderir quando não estiver em guerra e recusou a estabelecer um calendário para a adesão.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, comentou hoje que o ponto do plano sobre a entrada ainda não é concretizável, mas reconheceu que o país está mais próximo do que nunca. "Na cúpula da Aliança, os aliados concordaram que o caminho rumo à adesão é irreversível, o nosso trabalho conjunto está fazendo com a que a Ucrânia esteja mais forte hoje e todo esse trabalho é uma ponte para a adesão", destacou Rutte.
Por outro lado, o Kremlin já se manifestou sobre o plano de vitória de Zelensky e afirmou que não o aceita. "O único plano de paz possível é que o regime de Kiev compreenda que a sua política não tem perspectivas e que precisa acordar", declarou Dmitri Peskov, porta-voz presidencial da Rússia.
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