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PANDEMIA

Para FMI, recessão mundial por Covid-19 pode ser pior que a de 2009

Por: AFP

Publicado em: 23/03/2020 17:21

Foto: Christophe ARCHAMBAULT / AFP (Foto: Christophe ARCHAMBAULT / AFP)
Foto: Christophe ARCHAMBAULT / AFP (Foto: Christophe ARCHAMBAULT / AFP)

A recessão global da pandemia do Covid-19 pode ser pior do que a que se seguiu à crise financeira de 2008 e exigirá uma resposta sem precedentes, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira durante uma teleconferência do G20. 

Kristalina Georgieva pediu às economias avançadas que forneçam mais apoio aos países de baixa renda, que enfrentam uma saída maciça de capital, e disse que o FMI está "pronto para implantar toda a capacidade de empréstimo de seus trilhões de dólares". 

Em um comunicado, Georgieva disse que alertou os ministros das Finanças do G20 e os presidentes dos bancos centrais que, dadas as paralisações em massa de atividades para conter a propagação do vírus, as perspectivas para o crescimento global em 2020 "são negativas" e previu uma recessão pelo menos tão ruim quanto durante a crise financeira global ou pior". 

A economia mundial contraiu 0,6% em 2009 devido à crise de 2008, mas na época os principais mercados emergentes, como China e Índia, estavam crescendo rapidamente. Já a pandemia de coronavírus está causando um desastre econômico e humano em todo o mundo, e alguns analistas preveem uma contração de 1,5%. 

"Os custos humanos da pandemia de coronavírus já são imensuráveis e todos os países devem trabalhar juntos para proteger as pessoas e limitar os danos econômicos", disse Georgieva. 

Ela alertou que mercados emergentes e países de baixa renda "enfrentam um desafio significativo" e podem precisar de apoio financeiro adicional e até de alívio da dívida. 

"Os investidores já removeram US$ 83 bilhões dos mercados emergentes desde o início da crise, a maior saída de capital já registrada", disse. 

Quase 80 dos 189 países membros do FMI já solicitaram assistência financeira de emergência da organização multilateral para lidar com o surto do novo coronavírus, informou, sem identificá-los. 

"Estamos trabalhando em estreita colaboração com outras instituições financeiras internacionais para fornecer uma forte resposta coordenada", prometeu.

- Possível recuperação em 2021 -
Apesar da gravidade da situação, Georgieva disse que o FMI espera "uma recuperação em 2021", para a qual, segundo ela, "é essencial priorizar a contenção e fortalecer os sistemas de saúde em todos os lugares". 

"O impacto econômico é e será severo, mas quanto mais rápido o vírus parar, mais rápida e mais forte será a recuperação", afirmou. 

A pandemia do Covid-19, declarada em 11 de março pela Organização Mundial da Saúde (OMS), forçou muitos países a tomar medidas drásticas, como a suspensão de viagens aéreas, o fechamento de lojas, bares e restaurantes e o confinamento de milhões de pessoas, interrompendo a atividade econômica global. 

Georgieva disse que o Fundo "apoia fortemente as extraordinárias medidas fiscais que muitos países já adotaram para fortalecer os sistemas de saúde e proteger os trabalhadores e as empresas afetadas". Também elogiou as ações dos principais bancos centrais para melhorar a liquidez do sistema.

- Ajuda do Banco Mundial -
Em comunicado separado, o Banco Mundial indicou à conferência do G20 que aprovou um pacote de ajuda imediata de US$ 14 bilhões para lidar com o impacto do coronavírus.

"Esses são tempos difíceis para todos, especialmente para os mais pobres e vulneráveis", disse o presidente do BM David Malpass, anunciando projetos em 49 países "com decisões previstas para esta semana em nada menos que 16 programas".

O Banco Mundial também está "em diálogo com a China, entre outros países-chave, para obter ajuda na fabricação e entrega rápida de muitos suprimentos necessários", acrescentou, comemorando suas "respostas positivas".

Malpass disse que o Grupo Banco Mundial, que inclui a Corporação Financeira Internacional e a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (IFC e MIGA, respectivamente), poderá empregar até US$ 150 bilhões nos próximos 15 meses. 

O novo coronavírus matou mais de 15.000 pessoas em todo o mundo, mais de 10.000 na Europa, desde que apareceu na China em dezembro.
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