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Cenário

Impacto econômico da Covid-19 nas nações europeias

Publicado em: 25/03/2020 21:04 | Atualizado em: 26/03/2020 19:46

Por Isabel Alvarez - Rio (RJ)
 
As previsões do cenário da economia mundial em 2020 devido à pandemia são de profunda retração no PIB (Produto Interno Bruto) das nações europeias. Em Portugal já existe uma preparação este ano para a recessão, e isto numa análise "amena", sem contabilizar gastos diretos ou indiretos com saúde, o que pode subestimar consideravelmente os verdadeiros impactos negativos na economia.
Além disso, também não estão incluídos neste panorama eventuais efeitos adversos no setor financeiro (neste campo, os bancos estão a avançar com moratórias de pagamentos).  Com uma paralisação e o isolamento social da população há mais de um mês, o país, de acordo a estimativa apontada pelo economista e professor de finanças Nuno Fernandes, do IESE (Instituto de Estudos Superiores da Empresa), uma das mais importantes escolas de negócios do mundo, a perspectiva de retração é em torno de 2,9%. "Neste mesmo contexto, o impacto econômico será da ordem dos 4,5% do PIB (perto de 10 mil milhões de euros)", avalia Fernandes.
 
Segundo o economista, é necessário ainda levar em conta que quanto mais elevado for o abalo e o peso no turismo, maior será o impacto do novo coronavírus. O prognóstico demonstra que países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia estejam entre os mais afetados. No caso da Espanha, por exemplo, (é o maior parceiro comercial de Portugal), a contração será de 3,9% neste cenário. E a maior economia do bloco europeu, a Alemanha, que também é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, assistiria a -3,6%. A Grécia que já sofre há anos com o empobrecimento e alta dívida pública e se encontra entre os países com menor posição no ranking econômico europeu, chegaria a -4,6%. 
 
Caso o período de shutdown passe para três meses, a economia portuguesa pode apresentar uma contração do PIB de 6,8%. Já na Espanha alcançaria uma média de - 5,8%, com a Alemanha no mesmo patamar de grandeza. Se o período de impacto for estendido para 4 a 5 meses, ou seja, até ao final de julho (verão no hemisfério norte), a queda em Portugal já atingirá a faixa dos 6,9% (-5,8% no caso de Espanha, seguida de perto pela Alemanha).
 
O Professor Nuno Fernandes ressalta que em crises anteriores, os bancos centrais possuíam um arsenal de instrumentos para prevenir o aprofundamento dos danos. "No entanto, neste caso o ponto de partida são taxas de juro muito baixas, e em alguns casos negativas. Por isso, não é possível comparar com outras crises globais, como a de 2008, até por questões como a integração da economia mundial e o fato de se estar presenciando uma destruição da procura e da oferta", destaca. Para Fernandes, se esta crise durar até ao fim do verão, a economia mundial enfrentará a maior ameaça dos últimos dois séculos. 

Entretanto, qualquer um dos cenários corresponderá a um agravamento significativo do desemprego e em termos de perda substancial do rendimento das famílias. Cabe aos principais responsáveis, como governos e bancos centrais tomar medidas adicionais e mais incisivas e garantir que as piores perspectivas não se concretizam.
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