Economia em baixa De porta em porta para enfrentar a crise Desemprego e queda no rendimento da família estão levando mais mulheres a optar pela venda direta, que registrou R$ 19,5 bi em volume de negócios

Por: Thatiana Pimentel

Publicado em: 27/10/2015 08:51 Atualizado em: 27/10/2015 10:20

Luciana Santos optou por virar uma consultora e, em seis meses, conseguiu quase R$ 12 mil em vendas. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Luciana Santos optou por virar uma consultora e, em seis meses, conseguiu quase R$ 12 mil em vendas. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Precisando de dinheiro? Já pensou em trabalhar com vendas diretas? O segmento, que não precisa de investimento inicial, está no contrafluxo da crise, ampliando mercado através da expansão do seu contigente de consultoras.

O exército de revendedoras, de 4,5 milhões, é formado por mulheres que perderam o emprego no último ano ou que viram a renda familiar diminuir, reflexo da alta da inflação e dos juros. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd), o setor registrou R$ 19,5 bilhões em volume de negócios no primeiro semestre, com crescimento de 0,7% acima da inflação.

Empresas tradicionais do cenário de vendas direta como a Natura e a Avon registram números ainda maiores. A primeira teve, de janeiro a outubro, um aumento de 6% no número de consultores, com mais 107 mil novas revendedoras inscritas, e a segunda bateu o recorde mundial de adesões em um único mês, tendo somente em agosto 212 mil cadastros de consultoras, um salto de 68% em relação ao mesmo período de 2014.

Para Penelope Uiehara, gerente de datas comemorativas da Natura, o momento promissor deve perdurar pelos próximos anos. “Mesmo com a crise, a brasileira já tem uma rotina de cuidados que não retrocede. Nem no segmento premium, que são produtos que custam em torno de R$ 200, nossas vendas diminuíram”, revela.

Que o diga a consultora Luciana Santos, formada em administração, que após passar um período longo fora do mercado de trabalho não conseguiu se recolocar e, em janeiro deste ano, optou por virar uma consultora. Em seis meses, Luciana conseguiu quase R$ 12 mil em vendas e já foi promovida a orientadora.

“Minha opção foi reflexo da crise. Queria aumentar a renda familiar e não consegui encontrar uma vaga que me desse tempo para ficar em casa com meu filho, coisa que consigo sendo consultora”, explica. Estima-se que o faturamento dos revendedores diretos seja, em média, correspondente a 40% do valor total das vendas.

Crédito para entrar no negócio
O segmento está indo tão bem que tem chamado atenção também de outras empresas, cujas vendas diretas ainda representam uma parcela reduzida do faturamento, como a Chlorophylla. Até dezembro do ano passado, a marca tinha mil revendedores em todo o Brasil e, percebendo o potencial deste mercado em um ano de crise, lançou uma linha de crédito exclusiva com o banco Bradesco, que está oferecendo de R$ 100 a R$ 3 mil, para quem quiser montar seu estoque e comercializar produtos da linha.

Chayza Dantas, diretora Executiva da Chlorophylla, revela que a novidade faz parte da estratégia de expansão da marca, que pretende chegar a três mil consultores até o final do ano. “Essas consultoras são uma força de vendas importante, porque elas trabalham com relacionamento, o que propicia as vendas e também são uma forma de divulgar nossos produtos”, completa. Ela ressalta que até um hotsite foi lançado para facilitar o cadastro de revendedores da marca, o www.ganhemaiscomchlorophylla.com.br.

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