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OBSERVATÓRIO ECONÔMICO

Quando o turismo vai deixar de ser somente um potencial?

Publicado em: 14/01/2020 20:40 | Atualizado em: 14/01/2020 20:53

O verão chegou e estamos no ápice da estação turística no Nordeste, onde turismo de sol e praia reina inconteste entre os destinos mais belos do Brasil, e porque não do mundo. Mas diferente do que ocorre nas praias de Cancún, no México, de Ibiza, na Espanha e do Havaí, nos Estados Unidos, nada de lotação o tempo todo, de restaurantes cheios e de turistas por todo lado a tirar o sossego dos moradores locais. No Brasil, em geral, e no Nordeste, em particular, o boom do turismo é um potencial econômico que faz décadas não saí do potencial, é uma Ferrari com motor enguiçado que ninguém consegue consertar.

Os números são claros, tem mais de 20 anos que o Brasil patina entre os 5 a 7 milhões de turistas estrangeiros, e isto com direito a Copa do Mundo e Olimpíadas. Para efeito de comparação, isto equivale aos países da Europa Oriental, e fica a léguas de distância dos quase 45 milhões que vão ao México e dos 90 milhões que vão a França, o principal destino turístico mundo. Com base no último Anuário Estatístico do Turismo (2018) temos que menos de 10% destes turistas desembarcam já no Nordeste, e dificilmente mais de 30% deles andam por aqui. E isto não muda tem décadas. 

Com base no movimento de turistas estrangeiros no Brasil e considerando os dados de visitação informados pelos Estados, fica claro que o turismo no Nordeste é formado em quase sua totalidade por brasileiros. Pernambuco, por exemplo, reporta que recebe 2 milhões de turistas apenas no carnaval, e tirando alguns argentinos, uruguaios e italianos dos pouco mais de 120 mil estrangeiros que aqui desembarcam, são praticamente todos brazucas. E qual o problema? O aparelho turístico está se direcionando para um turista que gasta pouco e que tem baixa probabilidade de retorno, além de exigir menos estrutura que o turista estrangeiro. Como reflexo, os serviços, a infraestrutura e as acomodações ficam longe dos padrões internacionais, e fica cada vez mais difícil convencer o estrangeiro a visitar nossa Região.

Não são poucos os estudos que avaliaram o motivo de nossa incapacidade em atrair turistas grande escala para nosso país. A grande maioria conclui que os motivos são sempre os mesmos, falta de infraestrutura, serviços deficientes e caros, dificuldade de comunicação, locomoção complicada e um uma enorme dificuldade em identificar até mesmo os pontos turísticos locais. Um exemplo, até alguns anos atrás Recife, 2º destino do Nordeste, sequer tinha placas com nomes nas ruas na maior parte das vias, e ainda hoje na praia de Boa Viagem, cartão portal da cidade, tem menos restaurantes em 8 km de orla que em uma quadra da praia de Copacabana. Se o turista que vier aqui para o Nordeste não tiver bom manejo do seu smartphone (Trivago, TripAdvisor, Waze, Google etc.) a chance de ele vir, só ver a praia e voltar para casa é grande.

O potencial turístico do Nordeste, e do Brasil, nunca vai se realizar se o direcionamento permanecer focado no turista doméstico de ocasião. E o Brasil, ou o Nordeste, não vai se vender sozinho no exterior. Não temos uma Torre Eiffel, um Coliseu ou as pirâmides egípcias ou astecas aparecendo em uma infinidade de mídias no mundo todo, não há como vender o que ninguém conhece. Pelo contrário, o que aparece sobre o Brasil no mundo é muitas vezes negativo e relacionado a violência. E também não adianta trazer turista para perambular pelas cidades sem saber para onde ir, sem ter ninguém para falar com ele e com medo de sacar a carteira para gastar seus dólares. O turismo no mundo é um negócio de US$ 8,8 trilhões segundo a Oxford Economics, e o Brasil só fica com US$ 163 bilhões deste bolo. Não tem como justificar o México levar quase 10 vezes isto enquanto passamos décadas de portas abertas esperando a graça do senhor. Área aberta para novas estratégias, novas políticas, novo tudo pois resultado que é bom até agora quase nada.

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