GUERRA

Biden admite pela primeira vez que armas dos EUA mataram civis em Gaza

Casa Branca já alertou Israel que Rafah é a linha vermelha na guerra contra o Hamas e que se opõe a invasão terrestre da zona densamente povoada

Publicado em: 09/05/2024 13:16

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Foto: Olivier Douliery/AFP)
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Foto: Olivier Douliery/AFP)
O presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que os Estados Unidos vão deixar de enviar determinadas armas ao governo de Israel, caso o país continue a avançar com a ofensiva terrestre em larga escala sobre a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. A Casa Branca já alertou Israel que Rafah é a linha vermelha na guerra entre Israel e o Hamas, e que se opõe claramente a invasão terrestre desta zona densamente povoada, onde estão refugiados cerca de 1,4 milhões de palestinos.
 
Além disso, pela primeira vez Biden reconheceu e lamentou que civis foram mortos em Gaza como consequência do armamento que os norte-americanos têm fornecido a Israel, o que representa uma admissão do papel desempenhado do país no conflito. No entanto, o líder dos EUA assegurou que continuaria a enviar armas defensivas a Tel Aviv, inclusive para seu sistema de defesa aérea, como a Cúpula de Ferro, dependendo do que decorrer em Rafah. 
 
O secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, confirmou na quarta-feira que o governo suspendeu um carregamento de munições de bombas mais pesadas para Israel. A decisão foi tomada após o governo israelita não ter respondido às preocupações de Washington sobre a planejada ofensiva em Rafah.
 
Os EUA exigem ainda que Israel se responsabilize pela criação imediata de um corredor humanitário em Rafah. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano,  Matthew Miller, declarou que são considerados inaceitáveis os resultados de assistência humanitária a enclave palestino.
 
A seis meses das eleições presidenciais norte-americanas, Biden acrescentou estar atento as mensagens e apelos dos acampamentos de estudantes que tomaram diversas universidades do país. Nos crescentes protestos devido ao apoio a Israel  uma frase predomina entre os manifestantes: “Joe, o genocida”. 
 
Mas, o presidente advertiu que uma parte dos protestos se transformou em discurso de ódio ou antissemitismo. “Existe um direito legítimo à liberdade de expressão e de protesto, mas não é legítimo ameaçar alunos judeus. Não se pode bloquear o acesso das pessoas às aulas. Isso é ilegal”, defendeu.
 
Biden revelou também que trabalha com os Estados árabes, em busca de tornar possível a transição para uma solução de dois Estados, após o fim da guerra.
Já o presidente do Congresso dos EUA, o republicano Mike Johnson, criticou qualquer medida destinada a limitar a ajuda militar a Israel.
 
Por outro lado, o governo israelita avisou Washington que a pausa no envio de armas pode comprometer as negociações sobre reféns. ”A pausa no envio de carregamentos de armas para Israel por parte dos EUA é muito decepcionante”, disse Gilad Erdan, embaixador israelita nas Nações Unidas. 
 
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, divulgou hoje  um vídeo, no qual  promete  que o seu país enfrentará o Hamas sozinho.

"Digo aos líderes do mundo que nenhuma pressão, nenhuma decisão de qualquer fórum internacional impedirá Israel de se defender. Se Israel for forçado a permanecer sozinho, Israel permanecerá sozinho", indicou Netanyahu, esta semana, por ocasião do Dia do Holocausto, num evento em Jerusalém. 
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