Israel anuncia novos ataques em Gaza após acusar Hamas de violar cessar-fogo
Pontos de passagem, por onde deveria entrar ajuda humanitária, também foram fechados
Publicado: 19/10/2025 às 14:17

Gaza (AFP)
O Exército israelense anunciou neste domingo (19) que lançou novos bombardeios contra alvos do movimento islamista palestino Hamas no sul da Faixa de Gaza.
"Em resposta à flagrante violação do acordo de cessar-fogo mais cedo hoje, as FDI (forças militares) iniciaram uma série de ataques contra alvos terroristas do Hamas no sul da Faixa de Gaza", afirmou o Exército em um comunicado.
Pontos de passagem, por onde deveria entrar ajuda humanitária, também foram fechados. "A transferência de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza foi suspensa até novo aviso devido à flagrante violação do acordo por parte do Hamas", disse a fonte das forças de segurança de Israel.
Segundo o Exército de Israel, o major Yaniv Kula, de 26 anos, e o sargento-chefe Itay Yavetz, 21 anos, morreram em combates durante a série de ataques no sul de Gaza. Estas são as primeiras mortes de militares israelenses no território palestino desde a entrada em vigor do cessar-fogo em 10 de outubro.
Violações do cessar-fogo
Os ataques acontecem após trocas de acusações sobre a violação do cessar-fogo em Gaza, onde o aumento da violência no sul do território palestino ameaçava a trégua em vigor há nove dias.
Neste domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou uma "violação do cessar-fogo" e ordenou ao Exército agir "com força" contra os alvos "terroristas".
or sua vez, o Hamas reafirmou o compromisso de respeitar o cessar-fogo, mas advertiu que o agravamento da tensão "prejudicaria as operações de busca e recuperação dos corpos". Pouco depois, o movimento islamista palestino anunciou que encontrou o corpo de mais um refém israelense, que será devolvido nas próximas horas.
Sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a trégua entrou em vigor em 10 de outubro, após dois anos de uma guerra devastadora no território palestino, desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel.
Como estipulado pela primeira fase do acordo, na última segunda-feira (13), o grupo islamista entregou 20 reféns, em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos, e começou a devolver os restos mortais dos sequestrados que faleceram em cativeiro.
"Os terroristas lançaram mísseis antitanque e abriram fogo contra as forças Tsahal (as tropas israelenses), que atuavam para destruir infraestruturas terroristas na zona de Rafah, segundo as condições do acordo", afirmou o Exército israelense em um comunicado.
"Para neutralizar a ameaça, Israel efetuou ataques aéreos e disparos de artilharia na zona de Rafah", acrescenta a nota militar, que classifica o incidente como uma "violação flagrante do cessar-fogo".
"Guerra!"
Uma testemunha palestina contou à AFP que "aviões de combate executaram dois ataques aéreos em Rafah", em uma "zona sob controle militar israelense". Não foram divulgadas informações sobre possíveis vítimas.
Outra testemunha afirmou que antes dos ataques ocorreram "confrontos" entre membros do movimento islamista palestino Hamas e outro grupo armado palestino, também em uma zona "sob controle militar israelense".
"Foram surpreendidos pela presença de tanques do Exército (nas proximidades). Parece que houve algum tipo de confronto", disse.
O braço armado do Hamas, no entanto, afirmou em um comunicado "não ter conhecimento de nenhum incidente ou confronto na área de Rafah". "É a ocupação sionista que segue violando o acordo", declarou Izzat al-Rishq, membro do gabinete político do movimento islamista.
Os confrontos aconteceram no momento em que Netanyahu mantinha reuniões com parte de seu gabinete. Alguns ministros reagiram imediatamente, como o titular das Finanças, Bezalel Smotrich, que escreveu "Guerra!" na rede social X.
O ministro da Defesa, Israel Katz, advertiu na mesma rede social que o Hamas "pagará um preço elevado por cada disparo e cada violação do cessar-fogo".
Algumas horas antes do incidente, Israel anunciou a identificação dos dois corpos de reféns entregues no sábado pelo Hamas, por meio da Cruz Vermelha, no âmbito do acordo. As vítimas identificadas são o repórter fotográfico Ronen Engel e o tailandês Sonthaya Oakkharasri, assassinados em 7 de outubro de 2023 e levados para Gaza.

