Israel inicia grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza
Há um mês, Israel intensificou os ataques contra Gaza
Publicado: 16/09/2025 às 08:44

Fronteira de Israel com a Faixa de Gaza; veículos militares israelenses perto da cerca da fronteira no território palestino sitiado em 16 de setembro de 2025. (Foto de Menahem KAHANA / AFP) ( AFP)
O Exército de Israel anunciou nesta terça-feira (16) o
início de uma grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, depois que o secretário de Estado americano, Marco Rubio, alertou o Hamas que restam poucos dias para alcançar um acordo.
Há um mês, Israel intensificou os ataques contra a principal cidade do território, que apresenta como um dos últimos redutos do movimento islamista palestino.
"A ofensiva principal na Cidade de Gaza começou na noite passada. Sabemos que há milhares de terroristas do Hamas", entre 2.000 e 3.000, declarou um comandante militar.
"Estamos avançando para o centro" da localidade, onde ainda vivem centenas de milhares de pessoas, acrescentou.
Algumas horas antes, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, disse que o maior núcleo urbano do território palestino devastado estava "em chamas" após ataques.
"Não cederemos e não recuaremos até que a missão seja cumprida", afirmou.
Testemunhas relataram à AFP "um bombardeio intenso e implacável sobre a Cidade de Gaza", que já está em grande parte em ruínas, após quase dois anos de guerra desde o ataque fatal do grupo islamista Hamas de 7 de outubro de 2023, que desencadeou o conflito.
"Há muitas pessoas presas sob os escombros e podemos ouvir seus gritos", disse Ahmed Ghazal, um morador de 25 anos.
O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, disse nesta terça-feira à AFP que ataques israelenses contra um complexo residencial próximo à praça Al Shawa deixaram "mortos, feridos e desaparecidos" na área.
Ele contou 27 mortos no território, principalmente na Cidade de Gaza, mas alertou que o número "continua aumentando". O Exército israelense também atacou a cidade de Khan Yunis, sul do território, acrescentou.
As restrições aos meios de comunicação em Gaza e as dificuldades de acesso a muitas áreas impedem a AFP de verificar de forma independente os números divulgados pelas duas partes.
Antes de concluir sua visita a Israel, Rubio prometeu o "apoio inabalável" de seu país a Israel em seu objetivo de eliminar o Hamas em Gaza. Ele expressou o apoio na segunda-feira durante seu encontro com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que ordenou ao Exército a conquista da Cidade de Gaza.
"Acreditamos que temos uma janela de tempo muito curta para chegar a um acordo. Não temos mais meses, mas provavelmente dias", disse Rubio, em referência às novas operações.
O secretário de Estado afirmou que a solução diplomática que inclui a desmilitarização do Hamas é a preferida por Washington, mas "às vezes, quando se trata de um grupo de selvagens (...), isso não é possível".
Estados Unidos confiam no papel do Catar
Rubio visitou nesta terça-feira o Catar, outro aliado próximo de Washington e país considerado o único capaz de atuar como mediador sobre Gaza, apesar do ataque israelense da semana passada contra líderes do Hamas em sua capital, Doha.
"Se existe um país no mundo que pode ajudar a acabar com isto por meio de uma negociação, este país é o Catar", disse Rubio, que se reuniu com o emir catari, Tamim bin Hamad al-Thani.
A visita acontece um dia após uma reunião entre mais de 50 líderes árabes e muçulmanos em Doha, que pediram uma "reconsideração" das relações diplomáticas e econômicas com Israel e apresentaram um apelo para que os Estados Unidos pressionem para conter seu aliado.
Trump, que criticou o ataque, disse na segunda-feira que Israel "não voltará a atacar (mais) no Catar".
As potências europeias pedem, sem sucesso, a Israel para interromper a nova campanha em Gaza e alertam para a crise humanitária no território, onde a ONU determinou no mês passado que um milhão de pessoas enfrentam uma situação de fome, uma conclusão rejeitada pelo governo israelense.
Nesta terça-feira, uma comissão internacional independente de investigação da ONU acusou Israel de cometer um "genocídio" em Gaza com o objetivo de "destruir" os palestinos, responsabilizando Netanyahu e outros líderes israelenses.
Israel criticou categoricamente um "relatório tendencioso e falso".
No ataque do Hamas de outubro de 2023 em Israel, os islamistas mataram 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023, 47 continuam em cativeiro em Gaza, 25 delas mortas, segundo o Exército israelense.
A campanha de retaliação israelense deixou mais de 64.900 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, segundo números do Ministério da Saúde local, que a ONU considera confiáveis.

