ONU acusa Israel de atingir dez dos seus edifícios em Gaza
Pelo menos 16 palestinos morreram hoje em duas ofensivas do exército de Israel contra bairros residenciais da Cidade de Gaza
Publicado: 15/09/2025 às 14:41

Comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini (AFP)
Nesta segunda-feira (15), o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, denunciou que dez prédios da organização foram atingidos por ataques israelenses nos últimos quatro dias na Cidade de Gaza.
"Isto inclui sete escolas e duas clínicas que estavam sendo usadas como abrigos para milhares de deslocados. Cada vez mais pessoas são obrigadas a fugir, desorientadas e com dúvidas, rumo ao desconhecido. Nenhum lugar é seguro em Gaza. Ninguém está a salvo", alertou Lazzarini, acrescentando que os bombardeios sobre a Cidade de Gaza e o norte do enclave estão se intensificando.
Pelo menos 16 palestinos morreram hoje em duas ofensivas do exército de Israel contra bairros residenciais da Cidade de Gaza. Os ataques ocorreram no momento em que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, se reunia em Jerusalém com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para discutir a guerra.
Os bombardeios atingiram duas casas familiares e uma tenda onde vivia uma família deslocada. Testemunhas relataram as agências de notícias internacionais um pânico generalizado e milhares de pessoas fugindo de acampamentos improvisados nas ruas.
Na véspera, já foram registradas cerca de 45 mortes, a maioria na região norte, sendo que 29 morreram em hospitais.
Já o chefe da UNRWA ainda disse que foi interrompida a prestação de cuidados de saúde no Beach Camp, o único serviço médico disponível ao norte de Wadi Gaza, a maior e mais importante zona costeira na Faixa de Gaza.
"Os nossos serviços vitais de água e higiene estão a operar com apenas metade da capacidade. As 11 mil equipes da UNRWA em Gaza continuam a prestar serviços essenciais em outras zonas do norte de Gaza e no resto da Faixa. Estão empenhados em servir as comunidades contra todas as adversidades, enquanto vivem em circunstâncias muito desumanas. A sua determinação diante das circunstâncias muito desumanas é uma inspiração. Mas, por quanto mais tempo devemos esperar até que sejam tomadas medidas para alcançar um cessar-fogo", sublinhou.
Mortos em Gaza pode ser dez vezes superior ao registrado
Enquanto isso, a relatora da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, afirmou hoje que o número de mortos na guerra de Gaza é muito superior a 65 mil e a estimativa real pode chegar a quase 680 mil. “A população da Faixa de Gaza tem suportado 710 dias de horror absoluto e 65 mil é o número de palestinos alegadamente mortos, dos quais mais de 75% são mulheres e crianças. Na verdade, devemos começar a pensar em 680 mil, porque esta é a taxa que alguns acadêmicos e investigadores apontam como a verdadeira cifra de mortos em Gaza", assegurou.

