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Faixa de Gaza

Centenas de jornalistas estrangeiros exigem acesso imediato à Gaza

A agência internacional de notícias France-Presse já afirmou que os seus jornalistas correm o risco iminente de morrer de fome em Gaza

Isabel Alvarez

Publicado: 06/08/2025 às 12:46

Palestinos correm para o local onde pacotes de ajuda humanitária lançados de paraquedas estão pousando na área de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, durante um lançamento aéreo sobre o território palestino sitiado por Israel em 6 de agosto de 2025. (Foto de Eyad BABA / AFP)/ AFP

Palestinos correm para o local onde pacotes de ajuda humanitária lançados de paraquedas estão pousando na área de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, durante um lançamento aéreo sobre o território palestino sitiado por Israel em 6 de agosto de 2025. (Foto de Eyad BABA / AFP) ( AFP)

Quase dois anos após o início da guerra na Faixa de Gaza, mais de uma centena de jornalistas, repórteres de guerra e fotojornalistas internacionais assinaram uma petição para exigir o acesso imediato da imprensa estrangeira ao enclave palestino. A petição pode ser assinada através da página "Freedom to Report" na rede social X ou no site freedomtoreport.org.

A petição faz parte de um movimento global cada vez mais forte que conta com o apoio de organizações como a Associação de Jornalistas Europeus ou dos Repórteres Sem Fronteiras. "Este é o momento. O jornalismo não pode ser silenciado. Está na hora de mudar e de Israel autorizar o trabalho de jornalistas estrangeiros em Gaza. Este movimento vai contatar tanto Israel como o Hamas e deixar exigências", destaca a petição contra aquilo a que classificam como o pior apagão da imprensa em conflitos modernos.

O fotojornalista brasileiro André Liohn, que coordena a iniciativa e tem extensa experiência em cenários de guerra, sublinha que é urgente acabar com o desrespeito pela liberdade de imprensa. Nomes de referência da imprensa internacional, como Christiane Amanpour e Anderson Cooper estão entre os subscritores da campanha. “Acredito que muitas mais assinaturas vão surgir”, disse.

Liohn, que já trabalhou na revista Time, no Der Spiegel e Le Monde, reportou que assim como outros jornalistas já tentou várias vezes entrar em Gaza, sem sucesso. Os jornalistas estrangeiros continuam impedidos de entrar em Gaza por causa das restrições de Israel, que alega questões de segurança, mas os funcionários de organizações humanitárias ou alguns líderes religiosos já tiveram autorização para ingressar no enclave palestino.

O fotojornalista acrescenta que quanto aos repórteres locais, a situação é inaceitável uma vez que atinge proporções desumanas, com a maioria passando fome. Também desde o início do conflito mais de 200 jornalistas foram mortos em ataques israelenses, a maior parte de palestinos.

A agência internacional de notícias France-Presse (AFP) já afirmou que os seus jornalistas correm o risco iminente de morrer de fome em Gaza, uma condição inédita desde a sua fundação há 81 anos. A França já exigiu o acesso da imprensa a Gaza para mostrar o que se passa na região. A Sociedade dos Jornalistas (SDJ) da AFP também explicou que dez profissionais colaboram com a agência France Presse a partir de Gaza, na cobertura do conflito entre Israel e o Hamas, mas sem intervenção imediata, os últimos repórteres em Gaza irão morrer de fome, sede e exaustão.

"Desde que a AFP foi fundada, em agosto de 1944, perdemos jornalistas em conflitos, tivemos feridos e prisioneiros entre as nossas fileiras, mas nenhum de nós se lembra de ter visto um colaborador morrer de fome. Recusamo-nos a vê-los morrer", diz um comunicado da France-Presse.

De acordo com a direção da agencia, a AFP se esforça para conseguir evacuar os seus colaboradores freelancers apesar da extrema dificuldade de sair de um território sujeito a um bloqueio rigoroso.

A Der Spiegel, que também depende de repórteres em Gaza para sua cobertura da guerra, relatou que uma delas é Ghada Alkurd que tem trabalhado incansavelmente desde o começo do conflito, mas agora ela e sua família enfrentam a fome.

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