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COLUNA BETO LAGO

Beto Lago: 'Extrapolaram os limites do protesto e agiram de forma criminosa'

Na última quarta-feira (16), a maior torcida organizada do Sport invadiu o CT do clube e transformou um protesto legítimo em um espetáculo de violência

Beto Lago

Publicado: 18/07/2025 às 09:10

Invasão no CT do Sport/Reprodução

Invasão no CT do Sport (Reprodução)

A derrota do futebol
A invasão ao CT do Sport representa uma das cenas mais vergonhosas em seus 120 anos de história. O que deveria ser um protesto legítimo, uma expressão do descontentamento de uma torcida frente à campanha abaixo das expectativas no Brasileirão, transformou-se em um espetáculo de violência que deixou marcas profundas. Intimidações e ameaças por parte de indivíduos, que vestem uma camisa de uma organizada, é algo que não se pode aceitar. Se a goleada sofrida ou o rebaixamento já são feridas difíceis de cicatrizar, o que aconteceu nesse dia foi um ataque frontal aos princípios do respeito e da ética no esporte. Torcedores agindo de forma violenta, se dirigindo a jogadores e comissão técnica com ameaças e falando em alto e bom som que “todo mundo aqui tem antecedentes criminais”.

Cenas que circularam pelas redes sociais representam não apenas um ataque ao clube, mas também à dignidade do futebol pernambucano. É fundamental destacar que a gestão rubro-negra também falhou, ao não oferecer a segurança necessária dentro do CT. Embora o pedido de apoio da Polícia Militar tenha sido documentado, com um dia de antecedência, a ausência de maior segurança privada revelou uma falta de preparação e planejamento inadequados. Esse vácuo de segurança permitiu que alguns extrapolassem os limites do protesto e agissem de forma criminosa. Protestar é um direito, e em momentos de crise como este, é vital que a voz da torcida seja ouvida. No entanto, a linha entre a paixão e a violência deve ser respeitada.


Ações do Sport
Esperava que o Executivo se pronunciasse. Porém, foi o presidente do Conselho, Ademar Rigueira, que esteve na coletiva – a pedido, inclusive, dele. Com a experiência de grande advogado criminalista, o dirigente afirma que o clube irá identificar todos os envolvidos e que hoje terá uma reunião no Ministério Público para definir as ações contra a organizada. Ademar Rigueira disse que será preciso rever a segurança do clube e considerou como “grave e absurdo” a falta do policiamento, que veio apenas após a invasão dos vândalos.

Emocional abalado
No treino de ontem, a imprensa trouxe imagens do atacante Pablo conversando com os presidentes Yuri Romão (Executivo) e Ademar Rigueira (Conselho). Entretanto, o impacto emocional do episódio não deve ser subestimado. A imagem é um retrato de humilhação que certamente afeta o ambiente interno do clube. Um atleta em tal posição pode se sentir desprotegido e desmotivado, algo que pode repercutir negativamente dentro de campo. A confiança entre jogadores, comissão técnica e a diretoria precisa ser restaurada rapidamente.

Saída de Diniz preocupa
A saída de Vinícius Diniz, da Cobra Coral Participações S.A., causou inquietação entre os torcedores do Santa Cruz. Diniz era visto como uma figura-chave e tinha a confiança da torcida para o futebol. A diretoria tricolor tem a tarefa urgente de comunicar-se de maneira mais transparente com a torcida, até para dissipar incertezas e garantir que tudo siga em frente de forma coesa e planejada. A escolha de um substituto à altura não pode ser subestimada.

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