Sport vive pesadelo na Série A e vê risco real de rebaixamento
Mesmo com novo técnico e reforços, Rubro-Negro não reage e segue como lanterna do Brasileirão
Publicado: 15/07/2025 às 20:23

Sport soma a pior campanha na era dos pontos corridos (Rafael Vieira/DP Foto)
Mesmo com mudanças na comissão técnica, reformulações no elenco e um mês inteiro de treinos durante a pausa do Brasileirão, o Sport segue afundando na tabela da Série A do Campeonato Brasileiro. A mais recente derrota, por 2 a 0 para o Juventude, na noite desta segunda-feira (14), em Caxias do Sul, escancarou o tamanho da crise que assola o clube.
Foi o 15º jogo consecutivo sem vitória na temporada para o Leão, que segue com a pior campanha da sua história na era dos pontos corridos. Desde março, por Pernambucano, Copa do Nordeste e Brasileiro, são 11 derrotas, quatro empates, apenas seis gols marcados e 23 sofridos.
O resultado no Sul do país tinha tudo para ser um ponto de virada. O adversário, vice-lanterna, não vencia há oito partidas e atravessava fase instável, com oito partidas sem triunfar. Mas nem mesmo diante de um rival fragilizado o Rubro-Negro mostrou capacidade de reação, o que levanta questionamentos: se o Sport não foi competitivo contra o Juventude, o que esperar diante dos demais adversários mais estruturados na sequência?
Os números do Sport
Em 12 jogos disputados na Série A, o time somou apenas três pontos, fruto de três empates. Trata-se da pior campanha do clube na era dos pontos corridos e, até aqui, o desempenho não sugere qualquer sinal de reação. A equipe ocupa a lanterna e, segundo o Departamento de Matemática da UFMG, tem 85,1% de chance de rebaixamento.
Faltando 26 rodadas para o fim da competição, a conta para escapar do rebaixamento é desafiadora. o Sport precisa somar 42 pontos para alcançar os 45, número historicamente seguro para garantir a permanência na elite. Isso exige um aproveitamento de aproximadamente 54%, desempenho de time que briga por competições internacionais.
Dos 124 clubes que disputam as Séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro, apenas Sport, na Primeira Divisão, e o Penedense, que atua na Quarta, seguem sem vencer até o momento. O Rubro-Negro também faz parte das três equipes que mais demoraram para conquistar a primeira vitória na era dos pontos corridos, iniciada em 2003.
O Leão Soma 12 jogos sem vencer na Série A de 2025, igualando marcas de equipes como Ceará, em 2018, e Coritiba, em 2023, que só venceram na 13ª rodada. Com marcas piores, o Avaí, em 2019, só conseguiu sua primeira vitória na 17ª rodada, enquanto a Chapecoense, em 2021, passou todo o primeiro turno sem vencer, triunfando apenas na 20ª rodada.
Alerta em comparação com as piores campanhas dos pontos corridos
Como alerta para o Sport, o exemplo mais emblemático de campanha desastrosa na era dos pontos corridos vem da Chapecoense, em 2021. Naquela temporada, o clube catarinense venceu apenas uma partida em 38 rodadas, justamente na 20ª, e terminou o Campeonato Brasileiro com 15 pontos, a pior campanha da história da competição desde a adoção do atual formato.
Antes disso, o recorde negativo pertencia ao América-RN, que em 2007 finalizou a Série A com 17 pontos, somando quatro vitórias, cinco empates e 29 derrotas. A equipe potiguar marcou 24 gols e sofreu 80, encerrando o torneio com aproveitamento de apenas 14,9%. Na segunda rodada, conquistou a primeira vitória na competição, diante do Santos.
Mas a Chapecoense conseguiu superar até esse desempenho. Foram 12 empates, 25 derrotas, 27 gols marcados e 67 sofridos, o que resultou em um aproveitamento de 13,2%. O rebaixamento foi confirmado matematicamente com sete rodadas de antecedência.
Com apenas três pontos somados até aqui, o Sport não apenas caminha para a Série B, mas também flerta com marcas históricas negativas. Se o Leão não reagir de forma imediata, o risco de figurar entre as piores campanhas da história do campeonato se torna cada vez mais real.
Daniel Paulista ainda busca soluções
A chegada de Daniel Paulista, velho conhecido da torcida e com forte identificação com o clube, ainda não surtiu o efeito esperado. Ele é o terceiro treinador da temporada, sucedendo António Oliveira e Pepa, que também não conseguiram apresentar resultados consistentes.
O retorno de Rafael Thyere, após longo período fora por lesão, é um dos poucos pontos positivos. O zagueiro e capitão foi um dos destaques nas duas partidas após a retomada do campeonato, contra Ceará e Juventude. No entanto, ainda não tem sido suficiente para estancar o declínio coletivo.
Durante a pausa da competição, o Sport promoveu mudanças no elenco, buscando dar novo fôlego ao grupo. Contra o Juventude, três recém-chegados entraram em campo: o goleiro Gabriel, emprestado pelo Vitória, foi titular e assumiu o posto de Caíque França. O novo arqueiro não comprometeu, mas também não protagonizou defesas importantes.
Outros dois reforços, o lateral-esquerdo Kévyson e o volante Pedro Augusto, entraram no segundo tempo, mas ainda sem demonstrar impacto real no rendimento da equipe.
A expectativa agora se volta para os estreantes Juan Ignacio Ramírez, o atacante Derik Lacerda e o meia-atacante Matheusinho, que ainda não foram a campo. São nomes que chegam com a missão ingrata de resolver rapidamente um cenário repleto de urgência e pressão.
Base ganha espaço, mas Leão segue sem alívio
Diante do momento difícil e da limitação do elenco, a base tem sido acionada. No jogo contra o Ceará, sete jogadores oriundos das divisões inferiores estiveram no banco. Contra o Juventude, foram cinco. Os garotos, porém, ainda carecem de experiência para suportar o peso de uma crise tão grave.
O Sport vive um momento em que os erros técnicos somam à instabilidade emocional. A falta de confiança transparece em campo e as respostas não chegam, nem dentro nem fora das quatro linhas. Com três técnicos no ano, o elenco ainda não assimilou uma ideia de jogo clara e, a cada rodada, a pressão aumenta, assim como a desconfiança da torcida.

