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COLUNA BETO LAGO

Beto Lago: 'Mocinhos e bandidos na SAF do Santa Cruz'

Jogadores, torcedores e funcionários do Santa Cruz são afetados com a incerteza da SAF, devido a ficarem aguardando decisões administrativas

Beto Lago

Publicado: 25/07/2025 às 09:20

Torcida do Santa Cruz/Rafael Vieira

Torcida do Santa Cruz (Rafael Vieira)

Mocinhos e bandidos
Ao analisarmos o futebol brasileiro, especialmente sobre à implementação das SAFs, é preciso deixar de lado a narrativa simplista de “mocinhos e bandidos”. A SAF chegou para profissionalizar a gestão do futebol, como uma alternativa que reflete não só as dificuldades financeiras dos clubes, mas também a ligação entre administração esportiva, política e a rica cultura que envolve essas instituições. A proposta da SAF é clara: promover transparência, facilitar a captação de investimentos e, em teoria, proporcionar um gerenciamento mais eficaz das dívidas e do patrimônio. No caso do Santa Cruz, por exemplo, a adoção desse modelo representa uma tentativa de revitalização para um clube com enorme prestígio nacional, mas que enfrenta grandes desafios financeiros. Nesse cenário, é comum vermos os “mocinhos” defendendo a modernização e a sustentabilidade, acreditando que a SAF oferecerá soluções viáveis para os problemas históricos do clube. Essa gestão profissional pode, potencialmente, atrair novos investidores e reintegrar o Santa Cruz à elite do futebol.

Por outro lado, existe uma resistência legítima nas vozes de críticos que enxergam os novos gestores como "bandidos", especialmente quando suas ações parecem desconectadas da tradição do clube. A preocupação de que interesses financeiros pessoais possam eclipsar a paixão e a história que o Santa Cruz representa é um sentimento compartilhado por torcedores. A percepção da “venda da alma” do clube para interesses externos é um temor real que permeia essa transição.

Os torcedores acabam sofrendo
Essa transformação impacta diretamente os torcedores, que acabam sendo os mais afetados. Eles experimentam a ansiedade que vem das decisões administrativas, sejam elas positivas ou negativas, e frequentemente se sentem à mercê de interesses que priorizam a lucratividade em detrimento da conexão emocional que têm com a história do clube. Além disso, jogadores e funcionários também sofrem as consequências de um ambiente de instabilidade financeira, tornando-se vítimas das incertezas geradas por essas mudanças.

Questão de culpa
Ao buscar apontar culpados por essa situação complexa, é até fácil: basta olhar para gestões anteriores que contribuíram para a atual crise acumulando dívidas e negligenciando o futuro do clube. No entanto, também é fundamental considerar que as ações dos novos gestores e investidores, bem como as escolhas que fazem ao implementar o modelo de SAF, serão decisivas para o sucesso ou fracasso da instituição.

Números importantes
Na reunião do Conselho, nesta semana, foram apresentados números em que o clube não precisaria transferir o Arruda para a SAF. Valores que chegava a R$ 64,5 milhões apenas na arrecadação com as cadeiras e os camarotes. Então, por que isso nunca foi feito? Por que não tentaram essa “fórmula mágica” nos últimos anos? Lembrando, hoje, pouco mais de mil das seis mil cadeiras estão em dia. E a situação ainda é pior nos camarotes.

 

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