Haddad diz que terá novas conversações sobre as tarifas com os EUA
Fernando Haddad anunciou que conversará sobre as tarifas na próxima quarta-feira com o secretário do Tesouro dos EUA
Publicado: 06/08/2025 às 15:00

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República (Foto: Diogo Zacarias/MF)
O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, anunciou hoje (6) que conversará na próxima quarta-feira com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, após a entrada em vigor das tarifas de 50% imposta pela administração de Donald Trump sobre parte das importações brasileiras.
Segundo Haddad, a conversa com Bessent será virtual, porém dependendo do diálogo poderá evoluir para um encontro presencial. "Dependendo da qualidade da conversa, poderá ser desenvolvida posteriormente uma reunião de trabalho presencial com o objetivo de chegar a um entendimento entre os dois países", disse.
O ministro brasileiro também declarou que o pacote de medidas para apoiar as empresas afetadas estará pronto ainda hoje e que será enviado para a Casa Civil e o Planalto. "É um plano muito detalhado para começar a atender, sobretudo, os pequenos empresários que não têm alternativas à exportação para os EUA", garantiu.
Haddad afirmou que as medidas irão incluir linhas de crédito mais acessíveis e o aumento de compras do Governo para setores que serão prejudicados.
As tarifas norte-americanas atinge cerca de 36% das importações brasileiras e abrange uma variedade de produtos que vão desde o café a carne bovina.
No entanto, Trump excluiu da tarifa de 50% uma lista de quase 700 produtos que representam 45% das importações do Brasil e aos quais permanecerá a ser aplicada a tarifa mínima de 10% anunciada em abril para a maioria dos países. Já outras 19% das importações, como é o caso do aço e dos veículos, enfrentam tarifas setoriais.
A entrada em vigor das tarifas de 50% ocorre com a escalada de tensões devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, uma das motivações mencionadas por Trump para impor a tarifa, aliado do líder ultraconservador,
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi sancionado pelo governo dos EUA sob a acusação de violação dos direitos humanos, decretou na última segunda-feira a prisão domiciliar de Bolsonaro, considerando que este não cumpriu as medidas cautelares previamente definidas. A prisão domiciliar foi duramente criticada pela extrema-direita e pelo deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que se encontra licenciado nos Estados Unidos e promove um lobby para que novas sanções de Trump sejam aplicadas às autoridades brasileiras.
Em contrapartida, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirma que a soberania do país e a independência dos tribunais são inegociáveis. “A nossa democracia está sendo questionada, a nossa soberania está a ser atacada, a nossa economia está a ser agredida. Este é um desafio que nos não pedimos e que não desejamos”, argumentou.

