ONS recomenda retorno do horário de verão diante de risco de déficit de potência no fim do ano
Sugestão de volta do horário de verão está entre medidas sugeridas pelo ONS para mitigar pressão sobre o sistema nos horários de maior consumo
Publicado: 09/07/2025 às 23:03

ONS recomenda retorno do horário de verão (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
O horário de verão pode voltar a ser adotado como ação preventiva diante do risco de déficit de potência no Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo recomendação oficial do Plano da Operação Energética (PEN 2025–2029) apresentado nesta terça-feira (8), pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A proposta aparece entre alternativas com maior viabilidade técnica e operacional. Segundo o ONS, o horário de verão tem fácil implementação, menor custo e reduz a necessidade de acionar fontes mais caras, como as usinas termelétricas. Também alivia o uso de reservatórios estratégicos, como os do rio São Francisco, no Nordeste e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai.
“Apresentamos no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) um conjunto de medidas preventivas que ajudarão a mitigar possíveis déficits de potência no período seco. Uma dessas recomendações é a adoção do horário de verão, cuja definição é uma decisão política do governo”, afirmou o ONS ao Diario.
Justificativa técnica
Estudos do próprio ONS e do Ministério de Minas e Energia indicam que a medida ajuda a reduzir a demanda nos horários de maior consumo — das 18h às 21h — ao aproveitar melhor a luz natural. A mudança pode baixar o consumo de pico em até 2,5 gigawatts (GW), especialmente nos subsistemas Sudeste e Centro-Oeste.
O sistema elétrico enfrenta um desequilíbrio estrutural de potência. A partir de outubro, a demanda no horário de ponta deverá exigir o acionamento intenso de usinas térmicas. Mesmo com os reservatórios operando em níveis considerados seguros, o ONS estima déficit de cerca de 2 GW no fim da tarde e início da noite, quando há maior consumo e redução da geração solar.
Nesse cenário, o horário de verão surge como alternativa eficaz para reduzir a sobrecarga no sistema. Inicialmente recomendado como medida preventiva, o ONS ressalta que “a depender das projeções de atendimento para os próximos meses, a adoção do horário de verão pode, eventualmente, ser recomendada ao CMSE como uma ação imprescindível”.
Ao Diario, o Operador ainda detalhou outras ações preventivas indicadas pelo órgão, incluindo a antecipação da entrada em operação de térmicas contratadas no leilão de reserva de capacidade (LRCAP) de 2021, que entrariam em operação em 2026, que "devem adicionar 2 GW a partir de agosto, além de programas como a Resposta da Demanda e obras de reforço na transmissão", disse.
O relatório completo com as projeções para os próximos cinco anos está disponível no site do ONS, na seção Plano da Operação Energética – PEN 2025.

