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Estudo afirma que alimentos ultraprocessados afetam a saúde global

A nova análise congrega mais de 100 estudos de longa duração sobre UPFs e saúde

AFP

Publicado: 25/11/2025 às 12:30

Os investigadores ainda alertaram que os UPFs são muitas vezes desenvolvidos somente visando à conveniência e o lucro, e não em prol da saúde./Foto: freepik

Os investigadores ainda alertaram que os UPFs são muitas vezes desenvolvidos somente visando à conveniência e o lucro, e não em prol da saúde. (Foto: freepik)

Um amplo conjunto de investigação, assinado por 43 especialistas internacionais e publicado na revista científica The Lancet, reuniu a evidência mais potente até agora de que dietas ricas em alimentos ultraprocessados (UPFs) estão substituindo refeições tradicionais, o que deteriora a qualidade da alimentação e aumenta o risco de múltiplas doenças crônicas. A nova análise congrega mais de 100 estudos de longa duração sobre UPFs e saúde.

Os especialistas associaram o consumo elevado de alimentos ultraprocessados a maior risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas, depressão e elevado potencial de morte precoce, apelando aos governos por medidas políticas fortes e legislação para lidar com o problema, uma vez que o fenômeno agrava a saúde global e atinge os sistemas de saúde pública. “O aumento do consumo de UPFs, como snacks embalados, refeições prontas e bebidas açucaradas, constitui uma grave ameaça à saúde pública, alimenta doenças crônicas em todo o mundo e aprofunda as desigualdades em saúde”, conclui a investigação.

Os investigadores ainda alertaram que os UPFs são muitas vezes desenvolvidos somente visando à conveniência e o lucro, e não em prol da saúde. “As empresas por detrás destes produtos recorrem a marketing agressivo e influência política para manter a regulamentação à distância”, aponta o documento.

Os UPFs são produzidos com ingredientes industriais baratos, aditivos cosméticos, conservantes e processos de transformação intensivos que os tornam duradouros, hiperpalatáveis e fáceis de consumir em excesso. Além disso, destacaram que a forma como estes alimentos são fabricados e embalados pode expor as pessoas a uma série de substâncias potencialmente nocivas. A fabricação a altas temperaturas pode gerar compostos como acrilamida, furanos e gorduras trans industriais, substâncias que outras investigações associam à inflamação e ao risco de câncer.

“Os UPFs são frequentemente vendidos em embalagens para longa conservação, que podem liberar disruptores endócrinos, como ftalatos, bisfenóis e PFAS, os químicos eternos, com potencial para interferir com os hormônios do organismo, que regem funções essenciais como crescimento, metabolismo e reprodução.

Entre os exemplos mais comuns destes produtos estão às refeições prontas de supermercado, pizzas congeladas, cereais açucarados, biscoitos, salsichas, nuggets e massa instantânea. “Em alguns países, como o Reino Unido e os Estados Unidos, mais de metade das calorias diárias de uma pessoa média já provêm de UPFs”, advertem.

Os UPFs também estão associados a comer em excesso, conter altos níveis de açúcar e gorduras pouco saudáveis, assim como níveis baixíssimos de fibra e proteína.

"Enfrentar este desafio exige que os governos avancem e introduzam medidas políticas ousadas e coordenadas, desde incluir marcadores de UPFs nos rótulos na frente da embalagem até restringir a publicidade e aplicar impostos a estes produtos para financiar maior acesso a alimentos nutritivos e a preços acessíveis", afirmou.

O conceituado epidemiologista nutricional Barry Popkin, Professor de Nutrição na Escola Gillings de Saúde Pública Global da Universidade da Carolina do Norte e amplamente reconhecido por suas pesquisas sobre a transição nutricional e as causas globais da obesidade, atentou que os rótulos devem salientar sinais de forte processamento, e não apenas os teores de açúcar ou gordura. "Propomos incluir, nos rótulos na frente da embalagem, ingredientes que são marcadores de UPFs, como, por exemplo, corantes, aromatizantes e edulcorantes, a par de teores excessivos de gordura saturada, açúcar e sal, para evitar substituições pouco saudáveis de ingredientes e permitir regulamentações mais eficazes”, disse Popkin.

Os especialistas sugeriram ainda proibir UPFs em hospitais e escolas, reduzir a sua visibilidade nas prateleiras dos supermercados e usar impostos sobre determinados UPFs para subsidiar fruta, legumes e alimentos básicos frescos para famílias de baixos rendimentos.

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