COLUNA

O uso da Blockchain como impacto social

Publicado em: 10/02/2023 08:00

 (Crédito: Reprodução/Freepik)
Crédito: Reprodução/Freepik
Particularmente tenho um interesse especial em inovações tecnológicas que empregam energia em causas cujo fim pode impactar positivamente a vida das pessoas. Nos dias de hoje, não vejo muito sentido em soluções inovadoras cujo objetivo único é um maior ganho financeiro, sem levar em conta o impacto que isso causa na vida das pessoas (não só nos dias de hoje, mas das futuras gerações). 

A Blockchain é uma tecnologia surgida a partir da criação do Bitcoin e estamos presenciando cada vez mais casos de uso onde sua aplicação potencializa soluções que impactam diretamente e positivamente nosso mundo. 

Uma delas é a possibilidade de rastrear e garantir a transparência na cadeia de suprimentos. A Blockchain pode ser usada para certificar e rastrear todos os passos no processo da cadeia de modo mais seguro e transparente, ajudando assim a combater a exploração dos trabalhadores e garantir a sustentabilidade.

A Blockchain também pode ser usada para trazer mais transparência no setor público. Se usada para registrar as transações financeiras governamentais, podemos ter uma ferramenta de combate a corrupção e controle de gastos do governo bem mais transparente e eficiente.

Todo e qualquer registro de identidade, informações médicas, propriedade intelectual e certificação de formação acadêmica seriam bem mais seguros, confiáveis e com muito mais baixa chance de fraude se fossem inseridas em Blockchain, sem a necessidade de validação governamental centralizada.

O meio ambiente também poderá ser impactado positivamente. Utilizando-se a Blockchain como suporte tecnológico no registro dos créditos de carbono, é possível garantir de maneira bem transparente e segura que estes créditos comprados foram efetivamente utilizados de maneira eficaz no combate à crise climática.

Mas nem tudo são rosas. Assim como qualquer inovação tecnológica, os primeiros a se beneficiarem são os mais privilegiados socialmente, mais bem posicionados pelo maior poder aquisitivo. No Brasil e em outros países de alta desigualdade social, essa exclusão digital fica ainda mais latente. Os números do IBGE do ano passado indicam que quase 4 milhões de estudantes não tiveram acesso à internet em 2021, sendo 94,7% estudantes de escolas públicas. Não precisamos refletir muito para entender o quanto isso afeta na diferença de oportunidades.

Um exemplo do que pode ser feito usando blockchain para causas sociais pode ser encontrado na Comunidade do Chapadão, Rio de Janeiro, através da voz de Carol Santos, CEO e fundadora da Educar+, uma ONG que leva educação, cultura e acesso à tecnologia às crianças da comunidade, de forma gratuita. 

Uma das maneiras encontradas pela ONG para fazer a diferença é ensinar às crianças não só os fundamentos teóricos da Web3, como a prática. Além das aulas de informática para os alunos e familiares, as crianças já criaram uma criptomoeda que pode ser trocada por livros e materiais, criam artes em NFT com o objetivo de arrecadar fundos, e tem acesso a toda uma educação pautada em empoderamento, inclusão digital e financeira através da Web3.

Nas palavras de Carol: "Apesar dos avanços, o protagonismo periférico ainda continua em segundo plano. Com a descentralização enxergamos novas ferramentas que nos permitem mudar isso. Na Web 3.0 todos somos construtores, e é aí que mora a oportunidade: a possibilidade de construir realidades diferentes."

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