O futuro é descentralizado

A coluna hoje é em tom de despedida. Ocupar um espaço tão precioso em veículo de tamanha relevância, tendo liberdade para expressar minha opinião, já seria motivo de orgulho. Porém, poder falar sobre inovação tecnológica e refletir sobre as tendências para o futuro no mais antigo periódico em circulação da América Latina, me trouxe ainda mais satisfação.

Foram 14 colunas escritas com muito empenho para trazer aos leitores, a partir dos meus aprendizados colhidos nestes últimos anos, um conteúdo descomplicado e acessível a respeito deste complexo ecossistema Cripto/Web3.

Tive a oportunidade de refletir sobre temas como Blockchain, Bitcoin, contratos inteligentes, NFTs, Arte Digital, DAOs, Metaverso, Games, DeFi e como eles já impactam e poderão impactar ainda mais o nosso dia-a-dia nos próximos anos.

Por mais que muitas destas aplicações desenvolvidas no universo Cripto/Web3 já estejam inseridas nas dinâmicas de diversos setores, sabemos que a tecnologia tem evoluído tão rapidamente que previsões de longo prazo são pouco assertivas. Por isso, tive o cuidado de criar conteúdos educativos e ponderados, ainda que com a confiança plena de que a tendência é que tenhamos um futuro cada vez mais digitalizado, descentralizado e transparente, em que estas inovações estarão bastante presentes no nosso cotidiano.

Mas não há como negar que ainda estamos na fase das muitas perguntas e poucas respostas definitivas. É muito provável, inclusive, que muito do que a gente interage (e como interage) hoje em dia neste ambiente não se sustente a longo prazo. Quem acompanha um pouco deste mercado pode atestar o quão difícil estão os últimos meses, com notícias de inúmeros casos de golpes, falências e uma desvalorização e desconfiança geral dos ativos cripto.

No entanto, eu me permito pensar de maneira otimista. Usando a internet como paralelo, podemos lembrar do estouro da bolha das empresas ".com" em 99/2000 e constatar que a maioria das primeiras aplicações, ferramentas e redes desenvolvidas na web ficaram pelo caminho. Mas apesar dos percalços, hoje, mais de 30 anos depois, vemos a internet completamente inserida nas nossas vidas. E apesar dos muitos pesares, não há como negar o seu saldo positivo para a humanidade.

 

Pensando para frente, eu acredito que isso se repetirá também com cripto/Web3. Só que para chegar a esse ponto, este universo precisa deixar de ser visto apenas como investimento financeiro para ser pensado e debatido também como meio de interação nas relações humanas.

Quais os benefícios do uso do Bitcoin como reserva de valor e meio de pagamento global ao invés das moedas fiduciárias? De que maneira os contratos inteligentes podem otimizar negócios? Quais são as mais significativas vantagens de se construir uma solução em blockchain ao invés de seguir usando modelos centralizados, como bancos, cartórios, etc.? Como modelos organizacionais como as DAOs poderão melhorar os ambientes corporativos e governamentais? Será que as aplicações financeiras descentralizadas serão capazes de trazer mais segurança e confiabilidade para seus usuários do que os serviços bancários? E, afinal, aumentar nossa exposição e conexão nos meios digitais é um caminho positivo para a humanidade?

Deixo esta coluna para me dedicar a outros projetos pessoais na busca de respostas mais claras para essas perguntas. Respostas essas que estão sendo escritas hoje, em tempo real, e é bom ficar atento, pois será a partir delas que surgirão as soluções que impactarão diretamente nossas vidas. 

Deixo meu abraço e gratidão a toda equipe e aos leitores do Diário e compartilho aqui as minhas redes para quem quiser continuar o papo: twitter.com/oi_martino e instagram.com/oi_martino